segunda-feira, 22 de agosto de 2022

À espera do que virá

 Cá estamos, à espera, com um deadline para daqui a 8 dias, mas o puto já está bom para sair há 2 semanas, e já nos podia ter feito esse favor... Mas é do contra, ou está a curtir o ar condicionado intrauterino, e eu que me aguente! 

Posto isto, porque nestas alturas parece sempre que há grávidas e mais grávidas à nossa volta, venho partilhar algumas questões práticas da gravidez. Até porque as gravidezes são como tirar a carta de condução... a pessoa estuda o código, mas depois de fazer exame, já não se lembra de metade das regras.

Aqui é parecido. Quando me dizem que já é uma segunda gravidez e eu devo saber tudo... aparece a imagem da Dory na minha cabeça vazia a vaguear de um lado para o outro.

Mas se há coisa que a gravidez é é uma boa máquina de fazer dinheiro. Até cursos de maternidade online vi a serem vendidos 🤡🤡🤡

Assim como agora há coisas tidas como «essenciais» que na minha primeira gravidez não existiam sequer... e adivinhem, a miúda tem 5 anos e os neurónios todos no sítio!

Então cá vai, lembrando-se sempre que falo apenas da minha experiência, e genética:

Na gravidez da Rita gastei centenas de euros em cremes específicos para a gravidez, iniciando erradamente pelo creme da Barral, que foi diretamente para quem o quis usar, que só o cheiro dá vontade de vomitar, passando por toda a gama pré-mamã da Mustela - era o creme para as estrias, era o creme para o prurido, era o creme para as mamas, era o creme para não sei o quê, eram 20 e tal euros o creme, e aqui a mãezinha a comprar. É certo que estrias nada além do previsto, mas o creme das mamas para nada serve. 

A questão aqui é que já há algum tempo que usava um óleo da Palmer's, no banho, por ser muito preguiçosa a aplicar creme hidratante no pós-banho, e então com a gravidez a única coisa que mudou foi que além de usar o óleo nas pernas e braços, passei a usar abundantemente na barriga e mamas. 

Depois, comprei o hidratante da mesma gama, tudo no continente, e como a gravidez inicial era gemelar o que levou a um crescimento acentuado da barriga, usava o óleo e o creme. Mais tarde, comprei mais um boião que, confesso, está quase intacto - uma manteiga, da mesma gama, para aplicar à noite. Mas com a gravidez num período de primavera/verão a manteiga era muito desconfortável, além de manchar o pijama ou lençóis. Pelo meio, gastei dois boiões da nívea que tinha abertos cá em casa, cheguei a passar o aftersun, experimentei um óleo da Clarins (que só devemos usar depois do 1º trimestre), mas mantive-me fiel à Palmer's.

O óleo do banho que já usava há 1 ano, o creme que absorve num instante, sem cheiro e sem grudar, e a tal manteiga que acabou por ser um erro.



Para o pós-parto, nos primeiros tempos, vou manter estes dois queridinhos, e, mais tarde, experimentar o creme pós-parto que têm, reafirmante. 

Estas embalagens duram imenso tempo, estão muitas vezes em promoção e têm, para mim, a vantagem de não ter cheiros.

Em relação ao enxoval, tal como com a Rita, aceitei tudo o veio doado, aproveitei ao máximo o que tinha por cá, mas, ainda assim, o puto vai nascer no verão e a irmã nasceu em pleno janeiro, pelo que há tamanhos e tecidos que não se cruzam nos primeiros tempos. 

Como não há duas gravidezes iguais, o desconforto desta gravidez é muito mais acentuado do que na 1ª, talvez pelo calor e por ser um bebé maior do que a irmã, e pelas exigências da vida em si, pelo que fiz uma compra que nunca fiz para a irmã - uma almofada de gravidez. É uma compra muito pessoal e, repito, que nunca senti necessidade com a irmã. Na altura emprestaram-me uma de amamentação, mais pequena que a da gravidez, mas nem isso usei.

O que me leva daqui para os cremes das mamas e mamilos. Na irmã fiz toda a preparação possível, os cremes hidratantes, os cremes protetores, a lanolina com antecedência, etc. E o resultado foi gastar dezenas de euros nos primeiros 3 ou 4 dias em produtos para aliviar a amamentação e, ao fim de 3 semanas, felizmente, desistir de tal.

Nesta gravidez estava decidida a nem tentar, mas decidi tentar sendo que: não estou a fazer qualquer preparação para, comprei a bisnaga mais pequena e barata de lanolina e já comprei 2 biberões e uma bomba manual - na primeira gravidez emprestaram-me a querida Swing da Medela e não conseguia tirar leite. Manualmente, contra tudo o que vinha nos livros, conseguia tirar leite para dar e vender. 

Então, encurtando aqui o falatório, cada gravidez é única e cada mulher saberá o que fazer e o que escolher.

Mas pensem no que realmente necessitam, porque é muito lixo que se faz e se compra, e há muita economia circular nesta área.

Cá em casa NÃO HÁ:

- ninho, porque não serve para nada.

- espreguiçadeira, porque a cadeira da papa da Rita já era a Polly 2 da Chicco, que tem redutor e se posiciona nos primeiros tempos como espreguiçadeira. Na Rita tínhamos uma espreguiçadeira maravilhosa que nos emprestaram, alta, que ficava à nossa altura, mas desta vez não conseguimos emprestada nem tentámos comprar uma similar.



- berço, seja Next2me seja o que quiserem, porque a cama de grades tem um grade que baixa, porque nem o berço nem a cama cabiam ao lado da nossa cama, e porque o berço dura poucos meses e a cama tem durado 2 anos. 

- intercomunicador, porque o bebé está sempre ao pé de nós, seja no quarto, seja na sala. Além disso, vos garanto que durante meses vão ouvi-lo mexer e chorar mesmo que ele nem um piu tenha dado.

Investimentos que PODEM EVITAR, se vos emprestarem:

- slings e marsúpios, se alguém vos emprestar, será sempre uma opção a reconsiderar. Porque são caros, e porque há bebés que não se adaptam de todo. Falo com conhecimento de causa, que aqui a mais velha só queria colo e carrinho, nada de cangurus, panos e afins. E na altura comprei um marsúpio Babybjorn que me custou 3 dígitos e cá em casa nunca teve utilidade. Vamos ver se o Zé se anima...

- as tais almofadas de amamentação, bombas para o leite, esterilizadores, máquinas de cozer a vapor, pratos térmicos, banheiras e muda fraldas, etc.

NOVOS INVESTIMENTOS nesta gravidez:

- na Rita comprei uma banheira do IKEA, sem suporte. Era um massacre enchê-la na banheira e levá-la para o quarto, ou dar-lhe banho com a banheira no chão. Para esta gravidez comprámos, em segunda mão, a Banheira Cuddle da Chicco, que além de toda a arrumação ainda tem muda-fraldas. Se vos disser que está como nova e que custou 50,00€ 😛



- na primeira gravidez comprámos um berço que a Chicco descontinuou, e eu dei-o e agora corri tudo à procura de uma solução similar. Tínhamos o Lullabye, que era um parque pequenino, com dois níveis, que fazia de berço nos primeiros 6 meses e depois de parque. Agora comprei um maior, da Maxi Cosi, mesmo do tamanho de um parque, que tem um colchão intermédio que poderá fazer de berço também por mais tempo - até aos 6 meses pelo menos. 


Pronto, feito o desabafo de gastos e investimentos e tudo, já passou mais 1h dentro da barriga sem sinal de querer sair.

Vamos lá ver se venho cá antes do puto sair, ou se ele se decide entretanto. Já vou ter um filho virgem toda a vida... Desejem-me sorte 😄

quarta-feira, 29 de junho de 2022

Voltamos a Apresentar

 Era o que aparecia a seguir ao intervalo das novelas brasileiras, lembram-se? 

Bom, um mês depois de vir cá deixar-vos a partilha dos gémeos, que deixaram de o ser, a gravidez ainda rolou com alguns percalços, mas já a parecer aquelas novelas que têm 200 capítulos mas desde o 120 que não tem qualquer interesse a não ser para quem a escreveu.

A criança encaixou, a criança sentou, a criança atravessou-se, a criança está no percentil 95, a mãe tem de despistar a diabetes 500 vezes, a criança já está no percentil 50, o colo do útero está muito bom, temos de tratar todas as infeções, nada de esforços, a mãe tem contrações, a mãe não tem contrações, a mãe pode caminhar, a mãe tem de repousar, a mãe não tem nada pronto e não lhe saiu o Euromilhões para tratar do que falta, mas tratou. 

Conclusão...

Estamos bem, a entrar na reta final! 

No calendário da gravidez faltam menos de 10 semanas... Eu rezo a todas as deusas para que faltem umas 8 semanas. Pedindo assim com muito jeitinho, a criança que venha antes de ser Virgem, e de maneira a que eu não tenha de perder a Romaria da Sra. da Agonia dos próximos anos porque o puto decidiu nascer nesses dias. É pedir demais? 

No ninho está quase tudo pronto. Só falta o tudo, ou o quase, consoante queiramos ver o copo meio cheio. 

Escrevo-vos infetada com o bicho, numa versão covid-22, depois de, já grávida, ter levado com uma Gripe A que pensei que fosse mesmo parar ao hospital.

E agora o puto que aguente os cavalos, que ainda tenho 1 semana de férias no Alentejo em agosto, e as urgência de obstetrícia mais próximas continuam a encerrar ao fim-de-semana. 

E, se por acaso, sair nas notícias que uma baleia anda a banhos no Alqueva... eventualmente serei eu!




quinta-feira, 23 de junho de 2022

Àqueles que «educam»

 Há uns tempos, uma menina disse-me que, na sua escola, à hora do almoço, quem demorava a comer era «ameaçado» pelos adultos que lhe punham um babete.

A primeira imagem que me veio à cabeça foi o meu sogro, que toda a vida comeu com o devido guardanapo na camisa, para que não sujasse a roupa.

A segunda imagem foi uma ida a um restaurante de ribs, em Espanha, em que todos fomos presenteados por babetes, para não nos sujarmos.

A terceira imagem foi aquela meio inatingível, de ir a um restaurante michelin comer marisco do bom e ser brindada com um babete xpto.

Conclusão - partilhei estas imagens com a criança, explicando-lhe que não entendia a ligação entre o comer devagar e o babete.

Apareceu-me ainda uma quarta imagem, sem qualquer valor, que foi o da minha filha sem babete toda a vida, a não ser mesmo na iniciação à alimentação, porque nunca se babou, logo, nunca andou de babete.

A ordem das imagens foi mesmo esta... Que me desculpem os puritanos, mas o meu universo é mesmo seletivo!

Acabei agora de me cruzar com uma publicação do Solar dos Presuntos, onde várias «estrelas», em diversas fotos, aparecem de babete.

Era só isto.

E se a internet o diz...


Bom, dos babetes podemos ir além.

Podemos ir aos profs que massacram os putos com tpc diário e que demoram 3 semanas a entregar testes de português, matemática e estudo do meio no 1.º ciclo. Qual é a parte da relação e da educação nisto? É «quero isto feito amanhã senão têm falta» e «tenho de entregar os testes na semana anterior aos próximos testes para não me chatearem»? 

As relações que se constroem, e que nos trazem desafio, conforto e felicidade, são bilaterais! SEMPRE. Então pensemos nisto, deixemos a nossa superioridade de lado e continuemos a caminhar juntos, que é o que nos dá prazer nesta vida.

Bem, vou ficar por aqui, que este SMS já virou MMS e não está incluído no pacote...

Um dia venho cá despejar mais alguns pensamentos soltos, agora, voltemos à novela do Zé, que está quase a chegar!


quarta-feira, 25 de maio de 2022

Capítulo T1 para 2

 Digam lá que este intervalo não parece aquele de domingo à noite, entre o Ricardo Araújo Pereira dizer «Boa noite, começamos dentro de momentos.» e aqueles 20 minutos muito bem pagos naquele horário?


Bom, ano novo, vida nova, e o maior susto das nossas vidas, que me lembre.

Depois da ida às urgências, na ida à obstetra soube que estava tudo bem. Porém, não estava tudo bem com o bebé, mas sim tudo bem com OS BEBÉS.

DOIS.

GÉMEOS.

Porra!

Caiu-me TUDO. Quando contei ao mê hóme, pensava que eu estava a gozar. Valeu-me ter uma foto única com dois sacos, dois embriões, duas placentas, tudo a dobrar, dentro do meu rico útero.

Como dizia a médica «É uma gravidez que são duas completamente autónomas dentro do mesmo útero.».

Se vos disser, com muitas testemunhas, que passámos o verão a dizer que íamos fazer os gémeos... E aí estavam eles!



Foi um mês sem dormir, a fazer contas à vida. A ouvir toda a gente que «tudo se faz» e a tentar gerir uma dinâmica familiar que iria passar de 4 para 6 pessoas. Trocar carros, uma casa sem quartos suficientes, enxovais a dobrar, despesas atrás de despesas. E, talvez o maior dilema de todos, ter dois bebés a caminho que, afinal, não eram assim tão desejados.

É estranho, mas é isto. Não queríamos gémeos. Não quisemos e continuámos a não querer.

O stress foi tal que, só numa semana, bati 3x com o carro em sítios (felizmente paredes e passeios) que percorro diariamente. 

Tínhamos o coração a sair pela boca, o sono a fugir todas as noites, e contas e mais contas a fazer.

Descobrimos juntos que a vinda de um bebé, ou dois, mesmo que desejada e planeada, podia ter um sabor agridoce. 

As ecos eram semanais, e tudo corria bem. A barriga em dois meses cresceu muito. Era tudo a dobrar, o corpo a responder e a reagir a uma velocidade louca, e nada assimilado. 

Às 12 semanas vimos que 1 deles não tinha desenvolvido. 

Estava no útero, com um tamanho mais reduzido e sem batimentos. 

Querem que vos diga como reagi? 

Com muito alívio. 

Naquele momento, naquela sala de ecografias da maternidade, perdi 20kgs, rejuvenesci e respirei fundo. 

A médica simpatizou com o alívio, sentindo-se também aliviada pela receção da notícia. 

O mais estranho nesta situação foi gerir as reações à nossa volta. A dor ou compaixão que alguns sentiram quando nós nos sentíamos aliviados.

A maior lição foi esta: entender que nem tudo aquilo com que brincamos ou achamos que desejamos nos deixa felizes, e a partilha daquilo que para nós foi um alívio, para aqueles que fazem parte da nossa vida, pode ser uma dor ou uma tristeza que nos parece quase estranha, mas que têm todo o direito a sentir. 

Sei que falamos de uma perda gestacional, que é uma questão muito pessoal e que quase ninguém partilha.

Esta é a nossa história. Diferente das outras todas.

Um dia, uma pessoa muito querida disse-me 

«Atingi todos os meus objetivos de vida, e percebi que nada disso me fez feliz.».



quarta-feira, 4 de maio de 2022

Capítulo 2

 Bom, parámos na parte de ter encontrado uma maravilhosa ginecologista.

Análises feitas, historial estudado e a ordem foi simples - se é para vir outro filho, vamos lá começar a tentar porque é possível, sem stress, sem pressão.

Meus filhxs, a pessoa ouve isso e faz o quê? Vai logo sacar a aplicação do calendário menstrual para ver os dias do período fértil. Basicamente exatamente o que a ginecologista disse para não fazer. Até vos digo mais, saquei logo 2 diferentes, porque a margem de dias é diferente...

Enquanto isso, passámos uma verão de morte, só em agosto apresentámos e produzimos 40 espetáculos, fora todo o resto, e, em tom de brincadeira, lá dizíamos a todos, a desmontar «vamos lá depressa que tenho os gémeos para ir fazer.»

Foram 4 meses a tentar, a fazer contas, a chatear-me mensalmente e, o pior de tudo, com  dois atrasos pelo meio, coisa que nunca me tinha acontecido a não ser da primeira vez que estive grávida. 

Em outubro desisti dessa porcaria das contas. Encaixei que se tivesse de ser seria, desinstalei o calendário, e a vida seguiu dentro de momentos, muito mais leve.

Novembro foi um mês muito duro. A perda do meu sogro foi um momento emocionalmente muito complicado e a cabeça estava em todos os lugares menos na vinda de um filho.

Chegou o Natal e devia ter chegado o período uma semana antes. Mas não chegou. Mas também não era a primeira vez, nos últimos meses, que tal acontecia. Então olhem, comi e bebi tudo o que quis. 

No dia seguinte, dois pauzinhos num teste por descargo de consciência. 



O ano não acabou aqui. 

No fim-de-ano havia festa cá em casa. Pela primeira vez, íamos ser quase 20 a comemorar a meia-noite.

Eis que, arrumando a loiça do almoço, senti um corrimento quente. Era sangue. E corri para as urgências da Maternidade. 

Não passara de um susto. Seria um depósito que já existiria há algum tempo e, pela primeira vez, via a vesícula vitelina instalada no meu útero. Uma coisa minúscula. 

Chegada a casa, entendemos que o melhor seria contar às miúdas, que queriam muito um bebé, e, mais tarde, partilhar com a família e amigos. Porque é para isto que serve a família e os amigos. Para partilharmos a nossa vida, na alegria e na tristeza. E 31 de dezembro era sem dúvida um dia para comemorar, e para chutar o ano antigo.


quarta-feira, 27 de abril de 2022

Capítulo seguinte

 Não ia deixar a história acabar aqui.

Mas a vodafone sem serviço e as festividades e trabalho redobrado contribuíram com 0,5% do seu IRS para esta causa.


Em junho de 2021, estava eu naquela posição confortável, deitadinha de perna aberta no SEMER do CHUC com uma coisa enfiada até aos pulmões para tentarem ver os meus ovários num útero que mais parece um S (muito descritivo...?), e o médico só me diz:

- Já é mãe?

- Já! 

- Ainda bem. Porque tem muito poucos ovócitos. Não podemos fazer a estimulação para a doação e nem vai a tempo de ter mais filhos. Eventualmente deve procurar um médico, porque como isto está, na sua idade, não é normal, pode até entrar numa menopausa precoce.

Fiquei ali só a tentar decifrar o que tinha ouvido.

Agradeci muito, fui pedir uma justificação para levar para o trabalho, e saí. 

Por umas horas, chorei copiosamente, perdida, sem saber para onde me virar e com medo do «não vai a tempo de ter mais filhos.» 

Alguns conhecidos com quem partilhei a história diziam-me «então, mas ias doar óvulos, qual o problema de não teres mais filhos?». Ora, a primeira questão é que doar óvulos não impede ninguém de voltar a ser mãe. E o processo de doação, com a pandemia, demorou mais de 1 ano até à primeira consulta, e não estava nos planos voltar a ser mãe, pelo menos, por enquanto.

Nesse tempo em que pensava ter ficado sem chão, burrinha que só eu, tive o melhor tapete da minha vida, que me amparou, como faz diariamente. E a minha mãezinha, forte como o aço. E uma amiga que na hora me indicou a melhor ginecologista do mundo, que no dia seguinte me recebia no seu consultório. 

Bom, então agora, vamos esquecer tudo o que o médico disse... 

Importava fazer uma análise que nunca tinha feito, e cujo valor, na verdade, era bastante baixo para o expectável: hormona anti-mulleriana, que é uma avaliação da reserva ovárica.

Antes de continuar, num próximo capítulo, notas para todas as mulheres:

N1 - sabia, desde que tinha sido mãe, que algo não andava bem. Apesar de ter uma menstruação regular, as dores eram demasiadas e ninguém detetava endometriose ou qualquer outra questão. Foi preciso chegar aqui para começar a descobrir algumas possibilidades e formas de encontrar conforto sem tomar a pílula ou qualquer substituto hormonal. (Não tomo a pílula há mais de 8 anos por opção.)

N2 - procurem, as vezes que forem precisas, um/a ginecologista que gostem, que vos oiça e que vos transmita confiança na sua prática e nas suas convenções como profissional. É essencial para o nosso bem-estar, e eu perdi 5 anos de bem-estar mensal à custa de não ter quem me guiasse.

N3 - se receberem algum diagnóstico assim «fatal», procurem uma 2ª e até uma 3ª opinião. Nem tudo é o que parece.

E agora, não percam o próximo episódio, porque nós também não... 


quinta-feira, 14 de abril de 2022

«Que não há taça, amor, para este vinho»

Capítulo 0. 

Escrevi isto no dia 29 de junho de 2021. Foi um dia de «arrumações» de assuntos difíceis, resoluções e bola para a frente.

Mal sabíamos que os meses seguintes poderiam ser ainda mais duros e desafiantes do que tudo o que estava para trás.

Mas seguíamos juntos, com uma certeza. Que o lugar de um é ao lado do outro. E se a caminhada for difícil para um de nós, o outro puxa.

Venha de lá a piroseira, e a única foto juntos do verão, com o sol a cegar-nos as trombas.


29-06-2021

Vou ser muito pirosa e ele vai dizer qualquer coisa como «a sério?!». 

Mas os últimos tempos têm-nos ensinado, das mais variadas formas, que o amanhã é muito relativo.

Pessoas queridas que desaparecem numa doença fulminante, um emprego estável que nos foge dos pés numa pandemia, projetos que se adiaram e que urgem acontecer hoje, doenças prolongadas que, também a nós, nos deixam doentes, uma luta diária para chegar ao fim do dia com alguma confiança num amanhã melhor, as maleitas que diariamente nos azucrinam e que vão sempre somando mais qualquer coisinha.

Tanta mas tanta merda que nos passou pela frente, e até mesmo por cima, nos últimos 15 meses, que dava um bom filme.

Mas nós cá estamos, seguindo firmes e fortes no colo um do outro. 

Passaram-se mais de 7 anos desde o dia em que conversámos e decidimos que o caminho que iríamos percorrer teria de ser feito lado a lado. 

Nunca pensei chegar aqui. «Nem eu», pensas tu de certezinha!

Só queria partilhar com o mundo que «nós» não nascemos de um dia para o outro e não vivemos sempre um conto de fadas.

Contigo aprendi o que é estar lá, sempre, um para o outro. Aprendi a dar a mão quando se cai. Aprendi que todos podemos errar. Aprendi que a paixão não dura para sempre, mas que o amor se constrói e se alimenta diariamente, e que desafiante que isso é. 

Temos muitos desafios em mãos, muitos projetos a curto prazo, e somos uma antagonia perfeita.


Miminho, que venham mais 7. 

E que continuemos a construir a nossa história com fotos de má vontade, gordices e muito amor.