sexta-feira, 29 de julho de 2016

Por favor, não Deixem O Pimba Em Paz

Desde que estrearam no São Luiz que queria muito ver o espetáculo.
Depois andaram nas proximidades e calhava sempre com trabalho e afins.

Ontem foi o dia.

Não me escapavam.
Ao ar livre, a muitos metros de distância, e com um certo receio de que o espetáculo só funcionasse em espaço fechado.

Extasiada. Foi assim que fiquei.
Extasiada de tanto rir.
Extasiada pelo trabalho e direção musical.
Extasiada por assistir a um humor sem limites nem fronteiras, como adoro.
Extasiada por ver milhares de pessoas a corresponder, a dançar, a cantar.
Extasiada com a Manuela Azevedo e com as nunca-afinações do Bruno Nogueira.
Extasiada com os músicos, que fazem crer que para ser músico só vale a pena se formos como eles.

Adorei. E se os apanho nas redondezas novamente, não me escaparão!
Que este grupo não deixe o pimba em paz tão cedo.







quarta-feira, 27 de julho de 2016

Este Rio Que Eu Amo

Em 2012 fiz a viagem da minha vida.
Foram quase 3 meses na América do Sul, com casa no Rio e com uma mochila às costas para outros estados e países.
O RJ já se preparava para os Jogos Olímpicos - estavam a construir a Aldeia Olímpica, a alargar as linhas do metro e as UPP mantinham a sua missão nas favelas.
Nalgumas delas era uma missão quase impossível só a entrada das UPP, quanto mais a pacificação.
Mas vamos lá:
- a cidade já era insegura;
- a famosa Baía de Guanabara já tinha água como nunca antes tinha visto de tão suja que é;
- a Lagoa Rodrigo de Freitas já tinha problemas também na qualidade da água;
- as Polícias continuavam sem condições de trabalho;
- os hospitais públicos já eram de evitar e já havia falta de material;
- a areia da praia de Copacabana já estava contaminada com várias bactérias e doenças transmissíveis;
- os preços praticados, principalmente na altura do Natal e Reveillon, já eram um absurdo;
- já havia muita corrupção;
...e o mundo continuava a olhar para a cidade como sendo a cidade maravilhosa.
Não interessava levantar questões que fossem além do lindo Calçadão, do Corcovado ou do Pão de Açúcar. A cidade continuava reduzida às paisagens das novelas, bem mais bonitas ao vivo, e a esse imaginário.
Não interessava levantar questões sobre educação, saúde, sistema social, etc.
Interessou continuar a injectar milhões para garantir a realização dos Jogos, sendo que houve um período de preparação de 10 anos e pelo caminho tivemos a experiência do Mundial.
Hoje não quero saber se os apartamentos cheiram a gás ou se estão sujos, nem se os atletas vão nadar no meio de fezes humanas, fezes essas que nestes 10 anos de preparação nunca desapareceram da Baía de Guanabara ou alteraram o saneamento da cidade.
Hoje só queria saber em que é que estes Jogos contribuíram para o desenvolvimento do RJ, e até que ponto o Comité Olímpico cumpriu o seu papel.
Ontem assisti a uma apresentação vergonhosa, na SIC Notícias, do RJ, no Jornal das 23h.
Um velejador português que partirá em breve para o RJ nem sabia o que responder ao que lhe era colocado.
É agora que há problemas de segurança? Não houve 10 anos de preparação? E onde esteve o Comité Olímpico este tempo todo? E o RJ ia passar daquilo que é para uma cidade perfeita do dia para a noite? E a sua identidade? E todos os problemas de estrutura associados à cidade e ao país?
Àqueles que me são queridos e que lá moram, desejo que consigam fazer as suas vidas com a segurança diária possível, com preços acessíveis a todos aqueles que precisam de se alimentar, com samba na rua ao fim da tarde, com o pôr-do-sol do Arpoador, com o sol abrasador a aquecer o dia e o coração, com a boa disposição de qualquer carioca e com esperança, sempre.

No topo do Morro dos Dois Irmãos.


terça-feira, 26 de julho de 2016

Um bebé.

Vem aí um bebé.

E tantas perguntas e tantas respostas e tanta sabedoria junta.

Quando soube que estava grávida só queria que o tempo passasse.
Caraças, estava tão no início, com tantos projetos em mãos, planos de trabalho, viagens e afins, e, de repente, tudo em suspenso.
Com o tempo, a ideia de saborear este segredo a dois, e depois a quatro, era cada vez mais deliciosa.

Acontece que parece que vem aí barriga grande, e por volta das 10 semanas se alguém desconfiasse já podia ver bem um barriguinha. E outros sintomas.

A decisão de tornar a notícia pública foi natural. Fomos contando aos mais próximos, fomos deixando pistas e tivemos uma mini informadora maravilhosa, que dizia "a Mariana tem um bebé na barriga".

Depois disso veio a "publicação". Melhor maneira de contar ao mundo? Facebook, claro está.
Bem, que avalanche de mimo e carinho! Tão mas tão bom.

E que avalanche de perguntas. Opiniões. Conversas de cerimónia. 
O que mais me perguntaram é "Quem é o pai?". Uhlalá, que nada me deixava mais danada! 
Então mas não é óbvio que o pai é aquele que me disse um dia que eu era gira que me fartava? 

A estória do pai e da família sui generis que temos virá por aí um dia, em jeito de tentar explicar ao mundo e ao bebé onde veio parar. 

Hoje é dia dos avós e, embora para mim sejam todos os dias, deixo aqui um mimo à minha avó, que vai ser a bisavó que eu sempre desejei para os meus filhos.
E que fará as suas sopas e o seu puré para este bebé.
E que tem guardados, debaixo da sua cama, o colchão da branca de neve para as sestas e o penico de loiça, e no armário da cozinha todos os biberons dos netos e as chupetas.
E que está sozinha há um ano, depois de uma vida com tantos altos e baixos, e segue o seu caminho para a frente.

A super-avó Dina, que ganhou o estatuto de bisavó.


Eu e a minha bisavó, a Avó Ié-ié.

Os netos, em 2000.
Falta a Carla, nesta mais velha emprestada.