quarta-feira, 4 de agosto de 2021

Semana Mundial do Aleitamento Materno - memorando às mães

 Vi pelas redes que esta é a semana mundial do aleitamento materno, assunto que muito me diz.

Multiplicam-se as publicações pró aleitamento e muitas fundamentalistas. 

Venho só partilhar a minha experiência, de há 5 anos atrás:

A Rita nasceu e, ainda na maternidade, perdeu muito peso. 

Ela nasceu e veio logo à mama. Ela esteve sempre em livre demanda e nunca chorou por ter fome ou cólicas.



A mãe da Rita nunca pensou muito no assunto amamentação. Abandonou o curso de preparação para o parto, onde tudo eram rosas, fadinhas a cintilar e pirosidades transcendentes, e preveniu-se para a maternidade com purelan e uma bomba de leite emprestada. E assim foi. A Rita nasceu e durante 3 dias mamou o que quis e quando quis. Entre as dores da cesariana, cateteres, algália, e tudo a acontecer, nunca me preocupei.

Eis senão quando, ao 3.º dia, a Rita é pesada e perdeu demasiado peso. A pediatra sugere que a amamentação seja complementada com suplemento. Chorei baba e ranho umas 8h seguidas. Senti-me a falhar, insuficiente para a minha filha, etc. 

Não desisti da mama. Foram mamilos de silicone, purelan, bepanthene, discos de hidrogel, calor, gelo, extração com a bomba, extração manual. 

Ao quinto dia, ela tinha ganho peso e fomos as duas para casa.

Já em casa, continuámos o esquema. Eu não tinha um momento sem dores. Eu não conseguia tomar banho em condições porque a água me doía. Eu dava de mamar, várias vezes, a morder uma toalha nos primeiros minutos até me adaptar à dor. Não conseguia tirar leite com a máquina, e a extração manual, que não me doía, era totalmente desprezada pelos profissionais de saúde, por não ajudar a produzir mais leite.

Na primeira semana em casa, devo ter ido umas 3x ao Centro de Saúde. Para infelicidade minha, a minha enfermeira de família não estava nesse período, e levei com uma enfermeira cheia de certezas sobre ter de amamentar e aguentar as dores - trazendo de novo a culpa e a impotência. Nem sei se a senhora é mãe. 



Felizmente, ao fim de 3 semana em casa o leite secou de uma mamada para o outro. E eu não sei se chorava de alegria se de tristeza, se de alívio ou de impotência. Só sei que chorava.

E sei que a partir daí me senti muito melhor, muito mais tranquila e feliz. 



As dores acabaram, as mamas desincharam e a minha filha, várias vezes, se tinha mais sono ou estava mais agitada, procurava conforto na mama ainda que sem leite. Porque este era o conforto dela desde que nasceu: chuchar na mama, em vez de mamar.

A minha filha tem 4 anos e nunca passou fome, nunca chorou com dores ou cólicas, é saudável, feliz e inteligente.

Foi alimentada por toda a família e amigos, e eu fiz as pazes comigo mesma em muito poucas horas.

Porque o bem-estar da minha filha, numa fase tão inicial, dependia muito do meu, que estava absolutamente comprometido com o processo de amamentação.

Entretanto, durante muito tempo, disse que se tivesse mais filhos já iria de biberão para a maternidade.

Hoje já não sou assim tão fundamentalista, mas sei que se tiver mais algum filho não entrarei em guerra com a amamentação nem com o mundo, porque as mamas e o bem-estar são meus e de mais ninguém.

Posto isto, mães que possam estar a passar por este processo, aproveitem-no até onde for saudável para todos! Porque se tudo for uma dor de cabeça (ou de mamas, que é bem pior!) não vale a pena.

E antes que venham as fundamentalistas todas, e os fundamentalistas, ainda mais chatos e desprezíveis porque nem por este processo podem passar mas acham que podem opinar sobre as mamas das outras, privilegiem sempre o leite materno, à mama ou no biberão, que ainda por cima as latas são caras para chuchu! 

Um beijo e um queijo,

MS