domingo, 26 de abril de 2020

coronamood #dia45

#pode-conter-linguagem-suscetível-de-ferir-a-sensibilidade-dos-leitores

Educação sexual na quarentena está ON cá em casa.
Sabem, quando pensei neste termo, «Educação Sexual», viajei até 1998/2000 e aqueles 43564926027813 eventos e campanhas de sensibilização de luta contra a Sida, distribuição de preservativos em todo o lado, sessões nas escolas, etc..
Mas a verdade é que, como mãe, nunca pensei que pudesse começar tão cedo esta noção de educação sexual em casa.
Quando estava grávida, a irmã da Rita, enquanto tomávamos banho, perguntou-me como a Rita tinha entrado na barriga. Menti com todos os dentes que tinha na boca mais aqueles todos que o dentista me arrancou ao longo da minha existência. Disse-lhe que o pai havia posto uma sementinha no meu umbigo. Podem rir-se, vá. E chicotear!
A coisa passou-se e veio a pergunta de como a mana ia sair dali. Epá, resposta fácil! Ou pela barriga, que foi o caso, ou pelo «bibi» (termo carinhoso adotado cá em casa desde que a mais velha anda na escola e assim o conhece).
Isto tudo são explicações a miúda, na altura, de 4/5 anos.
Entretanto, veio o regresso do período. E novas perguntas. «O que é isso Mariana? Magoaste-te?».
Nova explicação breve, que quando as meninas crescem, todos os meses, deitam sangue e que, só assim, continuam a crescer, ganham maminhas, etc..
A coisa ficou-se por aí.
Mas, agora, veio a Rita e as suas perguntas, aliadas à grande curiosidade em torno da gravidez da Tia Milene.
Escapei-me à pergunta de como o Dioguinho foi parar à barriga da tia, mas veio a pergunta de como ia nascer. «O Dioguinho deve nascer pelo bibi, porque está virado de cabeça para baixo na barriga da tia, como a maior parte dos bebés. Tu estavas sentada na minha barriga, então abriram a minha barriga e tu saíste. Olha aqui a cicatriz!».
Entretanto, chegou a monstruação e, com aquela intimidade típica de quem tem filhos em casa, lá estava eu acompanhada da casa-de-banho, e ela lá questionou «o que é isso mãe?».
Expliquei-lhe exatamente o que expliquei à irmã. E a irmã disse «Vou dizer à minha médica que só quero o período lá para os 20 anos ou assim!», enquanto que a Rita respondeu «Oh mãe, falta muito para me vir o período? Quero ter maminhas!!!».
Antevendo perguntas e aventuras do género, antes da quarentena, numa ida à FNAC, daquelas que elas passam horas nos legos e eu passo horas a namorar livros para elas encontrei um tesouro «Educação Sexual - como responder às perguntas das crianças entre os 7 e os 9 anos». Epá, não hesitei em abri-lo e em correr para a pergunta «Como é que se fazem os bebés?». A verdade é que, quando fazem esta pergunta, já têm alguma ideia, ainda que possa ser estapafúrdia.
E eis senão quando, ao encontrar essa pergunta, encontro uma resposta de 4 páginas inteiras de texto. Filhos, até eu desisti de ler. Então entendi que a questão não era a resposta mas sim como a damos. Porque se eu começar a contar que Adão e Eva… Ela desiste ao fim de 10 segundos e já não quer saber.
Portanto, aguardando por essa pergunta, já comecei a ler a enciclopédia cá de casa, para garantir aborrecimento mortal até chegar ao ato, salvo seja.
Agora, fora de brincadeiras, é muito engraçada esta noção de educação sexual desde pequenas.
Outras duas questões que andam no ar:
- ensinar à Rita que ninguém lhe pode tocar no bibi, e que, se acontecer, ela tem de contar a mim e ao pai;
- explicar-lhes o copo menstrual, que ainda não expliquei porque, vai na volta, ainda desatam a experimentar enfiar alguma coisa que não devam para ver como é. Desculpem a sinceridade, mas é o único cenário que imagino.
E este desabado ao 45º dia de quarentena poderia ser mais uma coisa daquelas da maternidade para que ninguém nos prepara.

domingo, 5 de abril de 2020

coronamood #dia24

Chove sem parar.
Choveu a noite toda e o dia está escuro e triste.
Hoje é domingo e, subitamente, o dia mais produtivo até hoje.
Já submeti 1 candidatura, já concluí outra e estou a preparar a 3.ª que tem um prazo de submissão alargado.
As miúdas hoje decidiram não dormir. E eu só posso concordar. Nestes dias todos, a Rita só não dormiu 1 dia. E eu que adorava furar a rotina não quero nem posso obrigá-la à sesta. A vantagem é que vai mais cedo para a cama, por iniciativa própria.
Esta semana houve dias muito difíceis. E, no meio do caos, veio um dia de paz, e melhorias consideráveis no comportamento delas.
Esta semana já me custaram as videochamadas, acho que não pelas saudades, mas por toda a situação em si.
Continuo a não entrar na onda dos arco-íris e a notícia do 3.º período não é um descanso.
Mas hoje vim só escrever que, apesar do dia triste, outras coisas correm melhor, e, aos poucos, vamos encontrando a paz neste caos.
Seguimos juntos!

quarta-feira, 1 de abril de 2020

coronamood #dia20

Mentia se viesse para aqui com arco-íris e hashtags positivos.
Os dias estão a ser difíceis. Cada vez mais.
Estamos e estaremos em casa, por nós e pelos outros, mas não invalida que as coisas se estejam a complicar.
O meu homem diz que eu sou a bruta cá do sítio, com as miúdas. Mas estamos a atingir um pico de saturação difícil de lidar.
As duas deixaram de ser autónomas, coisa que faz parte, mas que me irrita de forma descontrolada. Epá, nem xixi EU consigo ir fazer SOZINHA. Ou porque se lembraram naquele momento que há alguma coisa na casa-de-banho que precisam, ou porque não querem estar sozinhas, ou porque «EU TAMBÉM QUERO FAZER XIXI». Ah, se soubessem a vontadinha que tenho de lhes fazer xixi para cima quando oiço isso… 😇
Depois é a casa de pantanas. Que ainda se vai aguentando, porque ao menos elas brincam e andam entretidas enquanto não querem puxar cabelos e arrancar unhas uma à outra. Mas brincam com quê? TUDO. E TUDO é o quê? Comida, cremes, coisas para o cabelo, vassouras, lenha, tintas, plasticinas, cola, purpurinas… E o resultado é o quê? Caos e lixo por todo o lado.
E uma coisa vos garanto… Não nasci para gata borralheira e se há coisa que me mexe com o sistema nervoso é quem inventou o pó e a sujidade e a noção de limpar. ODEIO ODEIO ODEIO.
E para continuar aqui a destilar, JÁ NÃO POSSO VER A COZINHA À FRENTE.
Entendem? 4 alminhas resultam em 2 máquinas de loiça por dia! E os pedidos «podes ir fazer leite?», «podemos fazer um bolo?», «fazes-me uma torrada?». YAAAAA, posso. E depois posso ir arrumar a loiça!!!!!! 
Bem, como se vê, há dias tramados e hoje está a ser um desses!
A parte mais difícil é lidar com a frustração de não conseguir trabalhar ou arrumar ou fazer uma coisa com início, meio e fim sem ser interrompida e não conseguir 10 minutos de sossego.
Parece que lá para dia 17 se acaba com o Estado de Emergência. Se assim for, juro que as levo uma tarde inteira para um pinhal qualquer para elas correrem e apanharmos ar puro! Até lá, continuará a haver dias melhores e piores. 
Como hoje.
Que estou capaz de morder 😾