quarta-feira, 25 de novembro de 2020

Estado de Degradação

 Venho partilhar convosco o meu estado de degradação.

Isto é um síndrome que me acompanha há quase 4 anos. E que é difícil contrariar. E este ano, em particular, está a assumir proporções inimagináveis.

Olhem, e calha mesmo bem, que daqui a 1 mês é dia de Natal!

Então, a pessoa passou grande parte deste ano em casa, acredita que vai passar ainda os primeiros meses do próximo ano, e que dificilmente se deixará o teletrabalho para uma hipótese remota, depois de tudo o que vivemos desde março.

Assim sendo, em junho, mãos à obra em casa. A casa ficou toda recauchutada! A piscina um primor. A cozinha cheia de luz. Ai a luz desta casa, que me tirava do sério, e que agora me alegra qualquer dia cinzento! Pois é... Apesar de nunca ter gostado desta casa, nestes meses todos de confinamento criei uma paixãozita por ela, e pelo seu conforto. E então, dei por mim a fazer uma lista de "essenciais a ir comprando quando der". E, depois, transformei essa lista em "coisas que posso comprar no aniversário e Natal". 

Abispem-se:

- Máquina de café com moinho, que o lixo que as cápsulas produzem, e a mistura que elas trazem lá dentro que também tem café, tiram-me do sério! Nota relevante: ninguém me avisou que para comprar uma máquina dessas tinha de vender um rim! E a questão é que já vendi um há uns anos para comprar as botas da minha vida, e não me dava jeito nenhum vender o outro.

- Torradeira «em condições». O que é que isto significa? Não tem de ser o Ferrari das torradeiras, mas em dias com as miúdas cá em casa, que são alguns (tipo agora que a escola da mais velha fechou) elas comem que nem doidas e por dia chegam a sair 10 fatias torradas. E esta torradeira, do tempo em que o meu irmão vivia no Porto (ficaram a saber o mesmo, não é? Sei lá, lá para 2009) já não dá. 

- Serviço de pratos, copos e chávenas de café novos. WHAAAAT? Pois é. Não comprem pratos no IKEA. Oiçam o que vos digo. Os que sobram de lá têm 5 anos e parece que andaram na guerra do Vietnam.

- Batedeira «como manda a lei», que as Moullinex que existem nesta casa têm para cima de 15 anos e partiram, literalmente, as varetas. E como é que a pessoa vive sem batedeira? Nem sabia que tinha uma em casa dos meus pais, quanto mais que era possível dar-lhe tanto uso até as varetas partirem. Abençoado confinamento. As miúdas só querem fazer bolos, tartes e afins. Depois ficam a olhar, dizem "ficou lindo, não ficou"? Mas não comem. Comemos nós, e as minhas ancas armazenam tudo, tal ursinho pardo no inverno, para garantir que não me falta nada.

E, eventualmente, poderia continuar a lista.

Genteeee, onde está o perfume X? O creme Y? A carteira Z e o vestido W? 

Estou-me a passaaaar! Internem-me, por favor. 

Agora vou ali escrever uma cartinha ao Pai Natal, a ver se me traz só uma coisa: 1 raspadinha com 3 ou 4 zeros à frente de 1 algarismo. E eu trato de tudo.

Pode ser?


terça-feira, 24 de novembro de 2020

Reflexões em tempos de tirar a roupa da máquina

 Pois é, meus queridos. Odeio as tarefas domésticas. Mas se há coisa que me relaxa, é pôr e tirar roupa da máquina. De tal maneira, que, mais do que qualquer sanita, me põe a refletir na vida, me traz memórias, e me deixa altamente inspirada.

Agora, depois do auge de tirar uma máquina de roupa lavada para a máquina de secar, com todo o amor para ver se ela sair pronta a ir para o armário, dei por mim a pensar como tudo muda com os filhos! 

E, por isto, vos digo: se estão à espera do momento certo, desenganem-se, porque acho que esse momento vai doer muito mais do que se for quando calhar! Porque toda a estabilidade de criaram para ter a criança vai desaparecer em 3, 2, 1... PUF! Se se aventuraram à primeira, olhem, temos pena, deviam ter gozado mais a vida, não é? Estão a ver aquele cliché dos reality shows? Que lá dentro é tudo diferente? Pois é, olhem, com filhos também é tudo diferente!

Então, enquanto sacudia umas quantas cuecas tamanho 4/5 das princesas da Disney, pensava que, antes dos filhos, aquela lavandaria era um orgulho com 2 detergentes: 1 para a roupa normal e outro para roupa preta. E um super Vanish tira nódoas. E amaciador com cheiro a flores não sei da onde carérrimo. Pois é. E rapidamente voei para o tempo em que nos dávamos ao luxo de comprar carré de borrego para o jantar, ou simplesmente decidir se íamos ao Porto comer sushi, se íamos experimentar o Avillez ou qualquer outro do género, se saímos daqui às 20h e ainda íamos comer um peixinho fresco e marisco à Costa Nova... E se amanhã pegávamos no carro e íamos passar o f-d-s a qualquer hotel, com spa, de preferência.

Vou parar por aqui, porque já estou quase a chorar. Felizmente, já não me lembro do preço do leite de fórmula nem das fraldas, que deixaram de existir há ano e meio! Mas agradeço todo os dias à minha filha por não me ter estragado a Maria e a Ana, depois de 3 semanas de desespero a dar de mamar. 

Bom, resumindo, leiam isto tudo com ironia, que a vida com filhos é linda, o maior amor que se pode ter, etc. etc., mas esqueçam lá os horários de antigamente, as loucuras do "apetece-me isto" ou "vamos fazer 100km para ir jantar aqui e ali"... 

Por aqui, enquanto uma parte do corpo me diz que gostava de ter mais um bebé, a outra metade conta os anos que faltam para a miúda ir passar fins-de-semana com as amigas, sair à noite ou simplesmente acompanhar estes programas de última hora, sem stresses da hora de dormir e da hora de levantar, e se a sopa tem couves ou se o marisco tem picante.

Isto, claro, se até lá me sair o euromilhões e voltar à vida de antigamente.

Olhem, saudinha, é o que vos desejo a todos. E uma santa terça-feira.

quarta-feira, 18 de novembro de 2020

Começámos a segunda parte do jogo. E ainda vamos a prolongamento...

 Entãããão, estão a ver o regresso d'«O Bicho Mexe» na sexta-feira? Pois é, cá em casa, para comemorar em grande e agradecer ao Bruno Nogueira tal ideia, tivemos também o regresso da «escola fechada» e a estreia no «concelho de risco mais elevado da Região de Coimbra». Quem não pensou, nas suas férias de verão, que isto fosse voltar a acontecer? Ah pois, filhinhos. Cá estamos, a gramar com o Teams, os tpcs de todas as disciplinas que são para amanhã, os horários da mais nova diferentes dos da mais velha, e aquela coisa que me irrita até à ponta da espinha, que é a cozinha. Que não pára. A loiça suja nasce, e a limpa ainda não tem idade para ir sozinha para o armário.

Mais animados depois desta introdução às próximas duas semanas? Vamos juntar aquela parte em que todos dizem que fizeram mal porque fecharam, outros fizeram bem porque fecharam, e o meu trabalho, e o meu umbigo, e o meu bem-estar, e eu, e eu, e eu...? E aquela em que todos sabem fazer melhor do que quem toma decisões e têm milhares de testes covid na despensa prontos a distribuir à população? Quando fui ao Continente à procura desses testes, que pelos visto muita gente sabe onde encontrar e como distribuir à população, olhem, nem stock deles nem cupões para o cartão, pá! Uma desilusão.

Claro que aproveitei a ida lá e repus o stock de papel higiénico. Que uma pessoa não é nova nisto e todos vimos como nos foi útil o papel higiénico no primeiro confinamento. Poupámos nos guardanapos, nos rolos de cozinha, nos lenços... E ainda fizemos coelhinhos da páscoa com o rolo vazio. Fantástico, não é?

Ai filhos, que enjoo.

Desculpem lá animar-vos assim o dia, mas a pessoa tem de desabafar para algum lado. Só que não pode ser em voz alta porque a professora está a dar aula de Estudo do Meio enquanto eu recebo telefonemas do trabalho. 

Olhem, saudinha, é o que vos desejo! E juízo, pá. Tanta baboseira que se escreve e que se lê, que não há Compensan que me valha.

E fiquem em casa, ou, como se diz na China 🈨🈫🈝🈦🈜

sábado, 11 de julho de 2020

NEGATIVO 👊

Publicarei este texto bem depois de o escrever.
Escrevo-o agora, sexta-feira, 10/07/2020 às 09h48, enquanto aguardo ansiosamente por um telefonema.
Na quarta-feira, depois de adormecermos as miúdas e com trabalho a aparecer que nem cogumelos neste mês de julho, o meu querido hóme foi adiantar refeições e estufar um franguinho do campo. O cheiro era delicioso. Era meia-noite e pouco e eu, que sou fraca nestas coisas de me deitar tarde, já muito cansada, comi um iogurte, fiz-lhe um pouco de companhia, e fui deitar-me.
Normalmente sou sempre eu que me levanto com a mais nova. É a primeira a acordar e só sabe chamar «mãe» quando acorda... Bom, a questão é que miúda acordou na quinta às 06h20. Com todo o tempo do mundo, fomos para baixo, preparei-lhe o pequeno-almoço, e comecei a tratar do meu, que é todo um ritual criado na quarentena que me traz muito conforto: 1 abatanado e 1 fatia de pão torrado com manteiga.
Tirei o café e não senti cheiro.
Torrei o pão e não senti cheiro.
Pus o mel no café e a manteiga no pão.
Comi, e não me sabia a nada.
Bateu-me que, na noite anterior, quando comi um iogurte, apesar do cheiro do frango, comentei que estava estranho, porque só sentia acidez dos frutos vermelhos, e muito pouco açúcar. Mas ainda cheirava o aroma do iogurte.
Não hesitei em ligar para o SNS 24.
Rapidamente me encaminharam para os CHUC e lá fui eu sem saber o que me ia acontecer.
Meti na mala o kit de emergência - 2 lanches, água, 1 muda de roupa interior, kit de viagem de escova e pasta de dentes, desodorizante e carregador. E lá fui eu para Coimbra.
Obviamente que, depois de perguntar duas vezes ao telefone se me estavam mesmo a encaminhar para os HUC, porque depois a enfermeira já me dizia «olhe que é para o hospital da universidade», questionando se não deveria ir para os Covões, fui para os HUC, estacionei 40 minutos depois a 37km, cheguei à urgência uma médica muito querida que, felizmente, não me deixou entrar, pediu-me desculpa, que o SNS 24 ainda não tinha percebido que havia 2 hospitais distintos, mas que teria mesmo de ir para os Covões.
Lá fui, e felizmente estavam apenas 3 pessoas nas urgências, todas isoladas.
Fiz triagem, raio-x ao tórax e zaragatoa. Fui vista por uma médica 5 estrelas, também, e vim para casa aguardar o resultado, que chegará em 24 a 48 horas. Tenho muita fé nas 24h porque hoje é sexta, estava pouca gente lá, e o isolamento em casa é duro. A mais nova foi para os avós e a mais velha vai hoje para a mãe. Neste fim-de-tarde e manhã dela em casa estive sempre de máscara, afastada, sem contacto, sem nos cruzarmos praticamente. Fui dormir para o quarto da minha filha, usei sempre a mesma casa-de-banho, e todos os talheres e loiça que usei mais ninguém lhes tocou.
Aguardo, ansiosamente, que o resultado venha. Seja ele qual for.
Tudo isto para vos dizer que sempre me protegi. Na quarentena, saí de casa 1x a cada 15 dias para ir às compras, porque numa semana ia eu, na outra e o hóme, para conseguimos sair os 2 de forma equilibrada. Os sapatos ficaram à porta. Desinfetávamos as mãos regularmente. As compras que não precisavam de frio ficavam 24h religiosamente à porta e os frescos eram todos lavados e desinfetados antes de os guardar. Desde o desconfinamento, relaxámos na questão das compras - vamos mais vezes e acabamos por guardar tudo assim que chegamos a casa, mantendo a lavagem dos frescos. Fomos algumas vezes a esplanadas e comemos fora dentro de restaurante 4x. Fui uma vez com as miúdas à praia, ainda em maio, e viemos embora assim que comecei a achar que estava gente a mais. As miúdas regressaram à escola e ao ATL e já todo o pessoal foi testado 2x. Voltámos a juntar a família (somos 9 os que cá estão) mas ao ar livre e sem contacto físico.
O que vos quero dizer é que, seja lá qual for o resultado, não sei onde me posso ter desprotegido, não sei que risco poderei ter corrido além de sair de casa. Mas sei que este tempo de espera é assustador. Primeiro porque não quero alarmar ninguém, depois porque quero dizer a toda a gente «não se aproximem e fiquem atentos, protejam-se» mas não o posso fazer para não gerar alarme, e depois é gerir uma culpa tão estúpida de ter medo de, caso esteja infetada, ter infetado os meus e, ao mesmo tempo, de ter de me afastar da minha filha, sem explicações por enquanto, e ter umas saudades arrebatadoras, apesar de ser um período tão curto e ela saber que a casa dos avós também é a casa dela.
Cuidem-se, protejam-se, que eles andem aí!

sexta-feira, 10 de julho de 2020

dores monstruais (sim, está bem escrito)


Uso muitas vezes a metáfora montanha-russa para a minha vida. Mas nunca entrei em nenhuma nem ambiciono fazê-lo, talvez por entender que com os pés bem assentes no chão já tenho loopings e adrenalina que chegue.
Esta semana nunca mais acaba e nem sei ao certo o que vim escrever, que não é um lamento.
Adorava que as minhas dores do período fossem iguais às minhas dores de parto – zero.
Ou que fossem próximas daquilo que sentia quando tomava a pílula – zero.
Quando decidi largar a pílula, decisão independente da decisão de engravidar, queria que o meu corpo encontrasse um equilíbrio sem químicos e hormonas. No primeiro meio ano a coisa não correu nada mal, eventualmente por causa dos 10 anos de pílula que carregava comigo. E depois veio a Rita. E em junho / julho, meio ano depois dela nascer, tive a primeira menstruação e nunca nada voltou a ser como era.
Nos primeiros dois dias de menstruação, coisa que já não me lembrava que poderia durar mais de 2 ou 3 dias, as dores que tenho não me permitem sentar, sem ter pontadas no útero, adormecer a lutar com a dor e acordo de madrugada com dores até o sono me vencer. Há uns tempos ouvi da boca do senhor que dorme comigo, e que lida diariamente com a dor nas costas e pescoço, que este período mensal era sobrevalorizado pelas mulheres. Na altura dei-lhe um chá, ainda para mais a minha mãe estava presente (entendidos na matéria entenderão o que isto quer dizer) e, numa bonita coincidência, uma amiga partilhou uma página no IG sobre as dores e a endometriose.
Quando soube que estava grávida, depois de dois testes que dificilmente poderiam estar errados, marquei uma consulta num médico de referência, num hospital privado. Fez uma eco ginecológica e disse-me: «Não tem endometriose? Nunca lhe fizeram o diagnóstico? A senhora tem dores.»
E eu calei-me. Disse-me que tinha dores, mas nada além disso. Quando percebi a gravidade do que ele estava a falar, fui ao Dr. Google e assustei-me. Mas tudo correu bem, nunca na maternidade me falaram na questão da endometriose, e a vida seguiu.
Hoje, penso muito em voltar a um especialista. Sempre fui seguida pela médica de família, que adoro e confio a 200%, mas neste momento não é viável viver uma semana com as dores que tenho, além do fluxo próximo ao caudal do Rio Nilo. Voltar à pílula não é solução para mim, que sou uma esquecida, e o DIU hormonal, que inibe a menstruação, também não.
Bom, não era sobre nada disto que vinha escrever. Mas deixo o outro assunto para mais tarde.
Miúdas e graúdas desse lado, cuidem-se, não deixem que desvalorizem este período do mês, e não entendam que a dor e o sofrimento faz parte, que para isso já chegam os pregadores de nosso senhor.

sexta-feira, 12 de junho de 2020

Compras e consumo consciente (sem ser só) em tempos de quarentena

Durante este período de quarentena, de teletrabalho, de escola em casa, de sair apenas para o necessário, houve tempo para pensar, mudar e trabalhar muita coisa das rotinas e hábitos básicos.
Quem me conhece sabe que adoro fazer compras, que é uma coisa que me dá mesmo prazer. E, se há uns anos pouco ligava a carteiras e acessórios, hoje é uma das minhas perdições.
Acontece que o meu orçamento não é propriamente ilimitado e o consumo tem de ser cada vez mais consciente.
Então, já há uns bons meses, até 1 ano, talvez, através do perfil da @belcasaltanabais no IG, uma portuga que vive há anos no RJ e que conheci através da minha mãe e irmão, fiquei a conhecer o perfil da @biancamdeluca, uma carioca consultora de imagem que transformou muito o meu pensamento sobre consumo, sobre aquilo que precisamos de ter no armário e sobre escolhas conscientes.
Não queria deixar de partilhar esta questão, porque dei por mim a gastar mesmo muito dinheiro em compras de impulso, ou porque gostava, ou porque estava em promoção, mesmo que não precisasse ou que a qualidade da peça fosse duvidosa.
E realmente pensar num armário com o essencial, que inclui sempre uma ou outra peça que não usamos no dia-a-dia, óbvio, e pensar em compras conscientes, e estritamente necessárias, mudou a minha forma de comprar e transformou o meu orçamento.
Com a Bel, além de chegar ao perfil da Bianca, iniciei também a venda de algumas coisas que já não usava, a partir de casa, e aprendi a fazer compras com orçamento base zero: vender para comprar alguma peça que queira sem mexer no meu dinheiro. Aprendi também outra coisa, que não está relacionada com o tema, mas que mudou a minha pele - usar todos os dias protetor solar no rosto além da habitual rotina de limpeza e hidratação.
Posso dizer-vos, retomando as compras, que as últimas peças de comprei, e todas em promoção, faziam parte das minhas necessidades, algumas eu desejava há muito tempo mesmo, e complementaram o meu armário até à próxima estação.

Lojas de eleição para roupa:
https://www.bimbaylola.com/pt_pt/ - melhores algodões 💖 todos os básicos em promoção valem a pena!
https://notmadame.com/ - adoro o estilo e a descontração 🌞 à espera de receber a primeira encomenda 😍
https://www.sezane.com/en/index - paixão platónica, sem orçamento para comprar um casaquinho de malha 😂
https://www.companiafantastica.com/ - amor muito antigo ⌚
https://www.yerse.com/ - para namorar os olhos e aproveitar os saldos 💸

and... the last but not the least... FEIRA DE CERVEIRA e todas as suas bancas de malhas, kispos, meias e cuecas 👀❤👀

Se quiserem espreitar, os perfis no IG, deixo aqui os links:
https://www.instagram.com/belcasaltanabais/
https://www.instagram.com/biancamdeluca/

quinta-feira, 7 de maio de 2020

Eu quero uma casa no campo...

Nasci e cresci em Coimbra.
Junto ao ramal da Lousã, perto de todos os acessos ao hospital, estrada da beira, shoppings, escolas.
Tinha vários autocarros que me serviam, tinha tudo perto, tinha o barulho da cidade e, enquanto houve comboio, ele passava de hora a hora na minha janela. Eu já não o ouvia.
Desde que me lembro de ser pessoa, não sei ao certo desde que idade, que enchia o coração de empatia e bondade no verão, naqueles dias que corriam na praia de Afife, em Viana, em Caminha, em Cerveira, em Vigo... Aí entendia que viver era uma coisa ainda mais deliciosa, porque, em casa canto, todos nos tratavam com carinho e com orgulho nas suas raízes.
Mais tarde, conheci Lisboa de lés-a-lés, ou deverei dizer «de pés-a-pés», com a minha mãe.
E apaixonei-me por aquele movimento, aquelas diferenças todas juntas, o acesso a dezenas de teatros, espetáculos, museus. Os ateliers de artistas e de estilistas, a imensidão do Tejo e uma luz sem igual.
Achava que, um dia, teria, obrigatoriamente, de passar por ali uns tempos.
Depois veio a oportunidade de fazer a viagem com que sempre sonhara. 3 meses no Brasil. E se o «Rio de Janeiro» continua lindo… Entendi que seria só para férias. Mas ao chegar a São Paulo, oh yeah, o coração acelerou. O movimento, todas as culturas, um sentimento cosmopolita depois de semanas numa cidade que vive de estereótipos e imagem. Outra paixão. Outro sítio a voltar, por uns tempos, se possível.
Mas chegou a altura de me pôr ao caminho. E, de regresso a casa, o trabalho esperava-me na Mealhada.
Saí de casa dos meus pais e, depois de viver num apartamento minúsculo mas maravilhoso na Carlos Seixas, num 4.º andar de um prédio super antigo, mas super aconchegante, mudei-me para a Quinta da Várzea, de frente para a ponte. O barulho dos carros era um aconchego, mas o acesso rápido ao Parque Verde trazia toda uma nova dimensão. Uma cidade diferente, onde conseguia chegar a pé à Baixa sem demorar assim tanto, onde estava a 2 minutos de carro de tudo, mas perto de novos espaços que me faziam feliz.
E, depois de 2 anos a fazer diariamente a Estrada Nacional, com frio, com calor, com chuva, com vento, com trovoada, com imeeeeenso trânsito para sair de Coimbra, com imeeeeenso trânsito para entrar em Coimbra, e depois de entender que também havia uma vida na Mealhada, com outro ritmo, com outros horários, mas perfeitamente viável, e com outro custo, comecei a pensar em mudar-me.
E é aqui que a minha vida dá uma volta de 180º e descubro que o coração me traz, mesmo, para aqui. Não na Mealhada, onde trabalho e onde a minha filha está na escola, mas em Anadia.
Esta é a minha vista, e estas árvores do 1.º plano são nossas.


Nunca na vida tinha apanhado figos, ameixas, pêssegos, peras, ou louro para o pôr a secar. E hoje, com a chegada da primavera, é ver as árvores a florir, é ir ver como está a fruta, é esperar pelo verão para apanhar figos e ameixas, é ter como banda sonora os passarinhos, que vão desde andorinhas, pegas, rolas, corvos… E, no inverno, tratar das árvores, cortar os galhos para fazer lenha.
É passar a tratar por tu aranhas e sardaniscas, proteger as abelhas e pedir a alguém próximo se nos dá uns limões ou umas laranjas e, na troca, deixar um cesto de figos.
Se já dizia há uns tempos que não voltaria a viver na cidade, enquanto tivesse tudo o que precisava aqui, depois de 60 dias em casa não posso dizer outra coisa.
A paz de viver aqui, os espaços verdes e amplos onde podemos circular, onde as miúdas podem brincar, e a privacidade que temos, não as trocaria por nada.
Aqui, com as miúdas, quase consigo viajar para os tempos em que brincava na rua da minha avó, com os miúdos dos outros prédios, e ainda não havia não sei quantos carros por prédio, e cada pessoa tinha o seu jardim tratado e cuidado, também com várias flores, árvores de fruto, e também muitas abelhas.
São 09h18, a brisa ainda é fresca e traz consigo o cheiro da alfazema e do jasmim que cresce aqui ao lado.
Hoje vai estar muito calor e, certamente, as miúdas vão andar a tomar banho de mangueira, como tantas vezes tomei no pátio dos meus pais.
E vão espreitar as galinhas da vizinha, que são as mais bonitas que já vi na vida. Limpinhas, enormes e vaidosas, além do Sr. Galo, que é um verdadeiro galã.
E mais tarde, quiçá, vamos a casa do avô apanhar laranjas e limões.

domingo, 26 de abril de 2020

coronamood #dia45

#pode-conter-linguagem-suscetível-de-ferir-a-sensibilidade-dos-leitores

Educação sexual na quarentena está ON cá em casa.
Sabem, quando pensei neste termo, «Educação Sexual», viajei até 1998/2000 e aqueles 43564926027813 eventos e campanhas de sensibilização de luta contra a Sida, distribuição de preservativos em todo o lado, sessões nas escolas, etc..
Mas a verdade é que, como mãe, nunca pensei que pudesse começar tão cedo esta noção de educação sexual em casa.
Quando estava grávida, a irmã da Rita, enquanto tomávamos banho, perguntou-me como a Rita tinha entrado na barriga. Menti com todos os dentes que tinha na boca mais aqueles todos que o dentista me arrancou ao longo da minha existência. Disse-lhe que o pai havia posto uma sementinha no meu umbigo. Podem rir-se, vá. E chicotear!
A coisa passou-se e veio a pergunta de como a mana ia sair dali. Epá, resposta fácil! Ou pela barriga, que foi o caso, ou pelo «bibi» (termo carinhoso adotado cá em casa desde que a mais velha anda na escola e assim o conhece).
Isto tudo são explicações a miúda, na altura, de 4/5 anos.
Entretanto, veio o regresso do período. E novas perguntas. «O que é isso Mariana? Magoaste-te?».
Nova explicação breve, que quando as meninas crescem, todos os meses, deitam sangue e que, só assim, continuam a crescer, ganham maminhas, etc..
A coisa ficou-se por aí.
Mas, agora, veio a Rita e as suas perguntas, aliadas à grande curiosidade em torno da gravidez da Tia Milene.
Escapei-me à pergunta de como o Dioguinho foi parar à barriga da tia, mas veio a pergunta de como ia nascer. «O Dioguinho deve nascer pelo bibi, porque está virado de cabeça para baixo na barriga da tia, como a maior parte dos bebés. Tu estavas sentada na minha barriga, então abriram a minha barriga e tu saíste. Olha aqui a cicatriz!».
Entretanto, chegou a monstruação e, com aquela intimidade típica de quem tem filhos em casa, lá estava eu acompanhada da casa-de-banho, e ela lá questionou «o que é isso mãe?».
Expliquei-lhe exatamente o que expliquei à irmã. E a irmã disse «Vou dizer à minha médica que só quero o período lá para os 20 anos ou assim!», enquanto que a Rita respondeu «Oh mãe, falta muito para me vir o período? Quero ter maminhas!!!».
Antevendo perguntas e aventuras do género, antes da quarentena, numa ida à FNAC, daquelas que elas passam horas nos legos e eu passo horas a namorar livros para elas encontrei um tesouro «Educação Sexual - como responder às perguntas das crianças entre os 7 e os 9 anos». Epá, não hesitei em abri-lo e em correr para a pergunta «Como é que se fazem os bebés?». A verdade é que, quando fazem esta pergunta, já têm alguma ideia, ainda que possa ser estapafúrdia.
E eis senão quando, ao encontrar essa pergunta, encontro uma resposta de 4 páginas inteiras de texto. Filhos, até eu desisti de ler. Então entendi que a questão não era a resposta mas sim como a damos. Porque se eu começar a contar que Adão e Eva… Ela desiste ao fim de 10 segundos e já não quer saber.
Portanto, aguardando por essa pergunta, já comecei a ler a enciclopédia cá de casa, para garantir aborrecimento mortal até chegar ao ato, salvo seja.
Agora, fora de brincadeiras, é muito engraçada esta noção de educação sexual desde pequenas.
Outras duas questões que andam no ar:
- ensinar à Rita que ninguém lhe pode tocar no bibi, e que, se acontecer, ela tem de contar a mim e ao pai;
- explicar-lhes o copo menstrual, que ainda não expliquei porque, vai na volta, ainda desatam a experimentar enfiar alguma coisa que não devam para ver como é. Desculpem a sinceridade, mas é o único cenário que imagino.
E este desabado ao 45º dia de quarentena poderia ser mais uma coisa daquelas da maternidade para que ninguém nos prepara.

domingo, 5 de abril de 2020

coronamood #dia24

Chove sem parar.
Choveu a noite toda e o dia está escuro e triste.
Hoje é domingo e, subitamente, o dia mais produtivo até hoje.
Já submeti 1 candidatura, já concluí outra e estou a preparar a 3.ª que tem um prazo de submissão alargado.
As miúdas hoje decidiram não dormir. E eu só posso concordar. Nestes dias todos, a Rita só não dormiu 1 dia. E eu que adorava furar a rotina não quero nem posso obrigá-la à sesta. A vantagem é que vai mais cedo para a cama, por iniciativa própria.
Esta semana houve dias muito difíceis. E, no meio do caos, veio um dia de paz, e melhorias consideráveis no comportamento delas.
Esta semana já me custaram as videochamadas, acho que não pelas saudades, mas por toda a situação em si.
Continuo a não entrar na onda dos arco-íris e a notícia do 3.º período não é um descanso.
Mas hoje vim só escrever que, apesar do dia triste, outras coisas correm melhor, e, aos poucos, vamos encontrando a paz neste caos.
Seguimos juntos!

quarta-feira, 1 de abril de 2020

coronamood #dia20

Mentia se viesse para aqui com arco-íris e hashtags positivos.
Os dias estão a ser difíceis. Cada vez mais.
Estamos e estaremos em casa, por nós e pelos outros, mas não invalida que as coisas se estejam a complicar.
O meu homem diz que eu sou a bruta cá do sítio, com as miúdas. Mas estamos a atingir um pico de saturação difícil de lidar.
As duas deixaram de ser autónomas, coisa que faz parte, mas que me irrita de forma descontrolada. Epá, nem xixi EU consigo ir fazer SOZINHA. Ou porque se lembraram naquele momento que há alguma coisa na casa-de-banho que precisam, ou porque não querem estar sozinhas, ou porque «EU TAMBÉM QUERO FAZER XIXI». Ah, se soubessem a vontadinha que tenho de lhes fazer xixi para cima quando oiço isso… 😇
Depois é a casa de pantanas. Que ainda se vai aguentando, porque ao menos elas brincam e andam entretidas enquanto não querem puxar cabelos e arrancar unhas uma à outra. Mas brincam com quê? TUDO. E TUDO é o quê? Comida, cremes, coisas para o cabelo, vassouras, lenha, tintas, plasticinas, cola, purpurinas… E o resultado é o quê? Caos e lixo por todo o lado.
E uma coisa vos garanto… Não nasci para gata borralheira e se há coisa que me mexe com o sistema nervoso é quem inventou o pó e a sujidade e a noção de limpar. ODEIO ODEIO ODEIO.
E para continuar aqui a destilar, JÁ NÃO POSSO VER A COZINHA À FRENTE.
Entendem? 4 alminhas resultam em 2 máquinas de loiça por dia! E os pedidos «podes ir fazer leite?», «podemos fazer um bolo?», «fazes-me uma torrada?». YAAAAA, posso. E depois posso ir arrumar a loiça!!!!!! 
Bem, como se vê, há dias tramados e hoje está a ser um desses!
A parte mais difícil é lidar com a frustração de não conseguir trabalhar ou arrumar ou fazer uma coisa com início, meio e fim sem ser interrompida e não conseguir 10 minutos de sossego.
Parece que lá para dia 17 se acaba com o Estado de Emergência. Se assim for, juro que as levo uma tarde inteira para um pinhal qualquer para elas correrem e apanharmos ar puro! Até lá, continuará a haver dias melhores e piores. 
Como hoje.
Que estou capaz de morder 😾

sábado, 21 de março de 2020

coronamood dia #9

8h10 e estou ao computador.
É a primeira vez nestes dias que acordo com energia e de bem com a vida.
Foi a primeira vez, nesta semana, em que consegui dormir uma noite sem insónias.
As insónias chegam de mansinho e quando alguma coisa está mesmo desregulada ou fora de controlo.
Se eu achava que estava tudo bem, apesar de já não aguentar as miúdas aos gritos, e a correr, e a saltar, e a lidar bem melhor com isto do que os adultos… e ao mesmo tempo ia buscar a paciência a cascos de rolha e tentava levar os dias na maior, a meio da noite acordava, sem sono, e ali ficava 2 ou 3h.
O que é certo é que cá em casa ninguém sabe o que nos espera. Estamos os dois sem qualquer atividade profissional, a tratar dos processos de Lay Off.
2020 era o ano dos grandes planos - as obras cá em casa iam arrancar em fevereiro, mas nessa semana choveu e adiámos para… não sabemos quando! E depois? Casa à venda e casa nova em vista. E mudanças a nível profissional. E férias já marcadas e agendadas. E tudo. Tudo feito com a antecedência e com os planos que sempre gostaríamos de ter feito.
Ontem obriguei-me a acertar ponteiros e alimentação. Tem sido porcaria por todo o lado e o meu corpo ressente-se quase instantaneamente.
Hoje é o 9.º dia em casa e ainda não parece o fim do mundo. É chata a chuva e o frio, as miúdas não podem sair, estão confinadas às brincadeiras cá dentro, e começam a stressar e a passar demasiado tempo em frente aos ecrãs.
Esperemos que, com a chegada da primavera, venha de novo o sol e os dias mais quentes. Daqui a uma semana muda a hora, tão desejada cá por casa!
Continuamos todos vivos, sãos e mais gordos!
E parece que a partir de hoje se seguem mais 15 dias… Venham eles! Vamos dar cabo do bicho!
Seguimos juntos...

segunda-feira, 16 de março de 2020

coronamood o c*ralho!

Tenho levado estes dias mais ao menos ao de leve...
Estamos os 4 em casa, o que é raro, com a certeza de que o homem não sai para trabalhar, o que é ainda mais raro e que nos sabe muito bem.
Com isto, as miúdas, entre guerras, vão aprendendo a partilhar e a cooperar, a casa vai ganhando o cheiro de quem é habitada e não o cheiro de quem vem dormir. Acompanhamos as notícias 2x por dia, elas veem filmes, brincam na rua, etc. Desinfetamos a entrada e as maçanetas diariamente. O pai já foi ao supermercado e quando vem já há todo um ritual de desinfeção.
Tudo muito chato, é certo.
Depois vemos as notícias e, na minha inocência, andava há 3 dias a ver as percentagens de aumento de casos. Feliz, porque a percentagem apresentada vem descendo, até ao dia em que chegaria a zero.
Neste momento, decido fazer uma publicação com esse pensamento, porque não é alarmista, não é pessimista, está ótimo. E uma amiga, daquelas que não vemos meses e meses a fio, mas que é como se nos tivéssemos visto ontem, que poderia bem ser da família e da casa, não fosse a distância e os horários, mandou-me uma mensagem em privado. É enfermeira num grande hospital e as coisas estão pretas. Não vou entrar em pormenores, porque todos sabemos que há relatos antagónicos. E, se nos «mentem» ao disponibilizar os números de infetados, é porque não há meios para fazer testes a tantos casos suspeitos.
O que me trouxe aqui ao estaminé não foi apenas a gravidade desta situação. Porque vejo gente a entrar em pânico e super alarmada e prefiro pensar que se todos fizermos o que está ao nosso alcance estamos a dar o nosso contributo para travar esta pandemia.
Mas, enquanto falava com ela, que nem sei se estava a trabalhar, mas que estava claramente exausta e stressada, e a dar o litro para poder ajudar o máximo possível de utentes, não esquecendo que as outras doenças e urgências não desapareceram, pensei que tinha acabado de fazer 3 publicações parvas no Instagram, tinha planos de deitar a mais nova e ir ver as novas atualizações do Big Corona d'A Pipoca Mais Doce, e a seguir seguia para ouvir A Caravana da Rita Ferro Alvim, e, quiçá, pegar no Ensaio Sobre a Cegueira, que comecei a ler há uns bons tempos e nunca mais lhe peguei.
E, enquanto falava com ela, eu estava, como estou a escrever este texto, em casa, junto à piscina, a apanhar sol e a beber o meu café de papo para o ar.
E só aí me bateu o papel patético que muitos temos feito. Batemos palmas, cantamos, tudo certo (cá em casa não fazemos nada, no campo não temos vizinhos, e às 22h as miúdas estão a roncar, ou a caminho disso). Mas eles não param. E ao fim do dia voltam para casa. Sem saberem se estão infetados. Para abraçar os filhos. Para descansar um pouco. Sem férias, sem planos, sem saber quando isto vai acabar. E quando chegam ao trabalho, sem máscaras, sem condições, e com solicitações para todo o lado dão o litro. E não pensam 2x antes de ajudar quem mais precisa.
Continuaremos a cantar à janela, a fazer descrições diárias destes dias encafuados em casa, a fazer macacadas para passar o tempo e a aprender a lidar com esta situação.
Mas a partir de hoje, mais do que nunca, com o coração naqueles que são profissionais de saúde e que não podem baixar os braços. Hoje, este desabafo é para ti, Istrelinha, e para todos os teus colegas.
Obrigada por todo o vosso esforço (dedicação e glória…?! Já que somos do Sporting, pode ser assim!)! E seguimos juntos, fazendo cada um o seu papel, para travar esta pandemia 👊❤

domingo, 15 de março de 2020

coronamood dia #2

E pronto… Habemus frio e chuva nesta quarentena!
Vantagens de estar em casa? Ir lá abaixo buscar a lenha, com o frio a cortar a cara, com a luz do dia…
LOOOL, a sério. Vantagens zero. Se ontem as miúdas andaram o dia na rua, hoje foi casa-casa-casa.
A vantagem foi que a mais nova achava que não tinha sono, e eu cheguei a temer que o tédio destes dias lhe fosse roubar a necessidade da sesta. Mas olhem, que bom que não tinha, que só dormir 3h de sesta…! Imaginem se tivesse...
Entretanto, por cá vamos indo, com um gin tónico para animar a malta, as miúdas na cozinha a fazer pizza para o jantar e depois a não comerem porque não gostam de pizza, uma a dizer que quer outra comida e a outra também, uma a dizer que quer sumo e a outra também, uma a dizer que tem cocó e a outra também, uma a dizer que a podemos enfiar num armário até isto acabar e a outra… não, mas é pena 😈 muahahahahahahah!
Agora a sério, hoje o dia foi ótimo. Super tranquilo… Foram só 57 discussões e ontem foram 79, só arrumei 2x a cozinha e ontem arrumei 3x, só precisei de 5 minutos trancada na casa de banho e ontem foram 15... Sempre a melhorar!
O único pensamento sério que me vem à cabeça nestes dias é: como é que vou calçar a Rita depois de uma quarentena descalça em casa? E escusam de vir todos os técnicos-entendidos-em-pedagogia-pediatria-e-podologia porque cá em casa andamos todos descalços o ano inteiro! O problema vai ser mesmo calçá-la de novo 😬
Fora toda esta parvoíce, 2 «regras» novas cá em casa:
- notícias ao almoço;
- notícias ao jantar.
Zero notícias durante o dia, que só aumentam a ansiedade e instalam o pânico.
E muito respeito e solidariedade por todos os profissionais que não podem ficar em casa, como nós, e que se arriscam diariamente para dar resposta a todos: sejam os profissionais de saúde e auxiliares, sejam as forças de segurança, sejam os funcionários dos hipermercados e lojas abertas, sejam os motoristas, os farmacêuticos, e os próprios membros do governo que, mais do agrado de uns do que de outros, tem estado no terreno, sem hesitar, a dar a cara e a fazer o seu papel.
E muito odiozinho de estimação para quem inventou o Messenger, e as partilhas de tudo, desde o rolo de papel higiénico aos áudios, vídeos, orações, músicas, grupos, depoimentos, teorias da treta e o c*ralhinho que já ninguém merece.
Acho que a primeira resolução desta quarentena vai ser acabar com o Facebook. Já faltou mais ✌
Seguimos juntos 👊

sábado, 14 de março de 2020

coronamood dia #1

Pensei várias vezes se deveria vir para aqui escrever. Mas a pessoa tem que despejar as coisas para algum lado, ainda que possa não apetecer a ninguém ler.
Ontem, por iniciativa familiar, foi o 1.º dia de isolamento cá em casa.
Na verdade, foi o 1.º dia para mim e para a Rita… e que dia!
Inicialmente foi fácil falarmos com ela:
- há muita gente doente na rua;
- nós não queremos ficar doentes;
- vamos passar os próximos dias em casa, sem ir ao café ou ao parque;
- vamos lavar várias vezes e muito bem as mãos;
- vamos brincar, aprender, apanhar sol, dormir a sesta, pintar, etc.;
- vamos ver os avós e os tios pelo telemóvel, porque também não queremos que eles fiquem doentes;
- quando isto acabar, vamos fazer uma festa, juntar a família e celebrar.
Mas… para isso acontecer, temos de ficar em casa!
A coisa nas primeiras horas funcionou, mas chegámos a um ponto em que nem ir à casa-de-banho sozinha conseguia ir…
Diria que ontem foi o dia do luto. Um stress constante, uma falta de energia atroz, uma mega dor de cabeça e vontade de adormecer e acordar no fim da quarentena! Ora isto aliado a 2 crianças em casa, é, basicamente, impossível.
Então, hoje, dia #1 dos quatro em caso começou a tourada!
Alterámos rotinas do dia-a-dia para que estes dias não sejam tão complicados.
Por exemplo, todos os dias tomávamos banho de manhã, os 4. Hoje, elas já acordaram de banho tomado, o que as ajuda a relaxar ao fim do dia e fechar um ciclo.
Também passaram o dia de pijama, coisa que pensei não fazer… Mas elas adoraram! Pijama, descalças e rua com elas: dar comida e muito mimo aos cães, que têm pouco mimo diariamente porque no corre-corre não há espaço para estarmos com eles; preparar a nossa mesa e cadeiras na rua, limpar e preparar o almoço para comer lá fora; andar de bicicleta no pátio, dentro dos possíveis, deslocar brinquedos para a rua ou para espaços menos comuns de brincadeira cá em casa; envolve-las na dinâmica da cozinha; contar histórias e ver filmes novos.
A verdade é que mediar duas miúdas, de 3 e 8 anos, e com feitios antagónicos, é difícil. Mas é mais difícil ter apenas 1 criança para entreter.
Ainda agora, enquanto escrevo, estão as duas há quase 1h a brincar sem se chatearem e sem chatear ninguém! Oremos, irmãos!
Vamos ver como correrá daqui para a frente, step by step. Pensar em longevidade é assustador, mas pensar no hoje tem sido um desafio e tanto.
Entretanto, esta semana fizemos algumas compras «não vá o diabo tecê-las» na terça-feira, sem exageros, mas sem noção que iríamos ficar os 4 em casa 15 dias… Conclusão: elas em casa passam a vida a querer comer e temo que na segunda ou terça tenha de ir ao supermercado. E confesso que isso não me deixa nada confortável! Mas vamos lá, apenas 1 de nós, de máscara, luvas e com todos os cuidados.
Espero que todos levem a sério este período. Cuidar de si e daqueles que os rodeiam passa apenas por ficar em casa e cumprir algumas regras que nos são sugeridas.
Espero que, daqui a 15 dias, todo o panorama que se avizinha seja o melhor.
Seguimos juntos!