Uso muitas vezes a metáfora montanha-russa para a minha
vida. Mas nunca entrei em nenhuma nem ambiciono fazê-lo, talvez por entender
que com os pés bem assentes no chão já tenho loopings e adrenalina que chegue.
Esta semana nunca mais acaba e nem sei ao certo o que vim
escrever, que não é um lamento.
Adorava que as minhas dores do período fossem iguais às
minhas dores de parto – zero.
Ou que fossem próximas daquilo que sentia quando tomava a
pílula – zero.
Quando decidi largar a pílula, decisão independente da
decisão de engravidar, queria que o meu corpo encontrasse um equilíbrio sem
químicos e hormonas. No primeiro meio ano a coisa não correu nada mal,
eventualmente por causa dos 10 anos de pílula que carregava comigo. E depois
veio a Rita. E em junho / julho, meio ano depois dela nascer, tive a primeira
menstruação e nunca nada voltou a ser como era.
Nos primeiros dois dias de menstruação, coisa que já não me
lembrava que poderia durar mais de 2 ou 3 dias, as dores que tenho não me
permitem sentar, sem ter pontadas no útero, adormecer a lutar com a dor e
acordo de madrugada com dores até o sono me vencer. Há uns tempos ouvi da boca
do senhor que dorme comigo, e que lida diariamente com a dor nas costas e
pescoço, que este período mensal era sobrevalorizado pelas mulheres. Na altura
dei-lhe um chá, ainda para mais a minha mãe estava presente (entendidos na
matéria entenderão o que isto quer dizer) e, numa bonita coincidência, uma
amiga partilhou uma página no IG sobre as dores e a endometriose.
Quando soube que estava grávida, depois de dois testes que dificilmente
poderiam estar errados, marquei uma consulta num médico de referência, num hospital
privado. Fez uma eco ginecológica e disse-me: «Não tem endometriose? Nunca lhe
fizeram o diagnóstico? A senhora tem dores.»
E eu calei-me. Disse-me que tinha dores, mas nada além
disso. Quando percebi a gravidade do que ele estava a falar, fui ao Dr. Google
e assustei-me. Mas tudo correu bem, nunca na maternidade me falaram na questão
da endometriose, e a vida seguiu.
Hoje, penso muito em voltar a um especialista. Sempre fui
seguida pela médica de família, que adoro e confio a 200%, mas neste momento
não é viável viver uma semana com as dores que tenho, além do fluxo próximo ao
caudal do Rio Nilo. Voltar à pílula não é solução para mim, que sou uma
esquecida, e o DIU hormonal, que inibe a menstruação, também não.
Bom, não era sobre nada disto que vinha escrever. Mas deixo
o outro assunto para mais tarde.
Miúdas e graúdas desse lado, cuidem-se, não deixem que
desvalorizem este período do mês, e não entendam que a dor e o sofrimento faz
parte, que para isso já chegam os pregadores de nosso senhor.
Obrigada pelo teu testemunho! As dores menstruais não podem ser ignoradas ♥️ gosto de ti!
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