sexta-feira, 10 de julho de 2020

dores monstruais (sim, está bem escrito)


Uso muitas vezes a metáfora montanha-russa para a minha vida. Mas nunca entrei em nenhuma nem ambiciono fazê-lo, talvez por entender que com os pés bem assentes no chão já tenho loopings e adrenalina que chegue.
Esta semana nunca mais acaba e nem sei ao certo o que vim escrever, que não é um lamento.
Adorava que as minhas dores do período fossem iguais às minhas dores de parto – zero.
Ou que fossem próximas daquilo que sentia quando tomava a pílula – zero.
Quando decidi largar a pílula, decisão independente da decisão de engravidar, queria que o meu corpo encontrasse um equilíbrio sem químicos e hormonas. No primeiro meio ano a coisa não correu nada mal, eventualmente por causa dos 10 anos de pílula que carregava comigo. E depois veio a Rita. E em junho / julho, meio ano depois dela nascer, tive a primeira menstruação e nunca nada voltou a ser como era.
Nos primeiros dois dias de menstruação, coisa que já não me lembrava que poderia durar mais de 2 ou 3 dias, as dores que tenho não me permitem sentar, sem ter pontadas no útero, adormecer a lutar com a dor e acordo de madrugada com dores até o sono me vencer. Há uns tempos ouvi da boca do senhor que dorme comigo, e que lida diariamente com a dor nas costas e pescoço, que este período mensal era sobrevalorizado pelas mulheres. Na altura dei-lhe um chá, ainda para mais a minha mãe estava presente (entendidos na matéria entenderão o que isto quer dizer) e, numa bonita coincidência, uma amiga partilhou uma página no IG sobre as dores e a endometriose.
Quando soube que estava grávida, depois de dois testes que dificilmente poderiam estar errados, marquei uma consulta num médico de referência, num hospital privado. Fez uma eco ginecológica e disse-me: «Não tem endometriose? Nunca lhe fizeram o diagnóstico? A senhora tem dores.»
E eu calei-me. Disse-me que tinha dores, mas nada além disso. Quando percebi a gravidade do que ele estava a falar, fui ao Dr. Google e assustei-me. Mas tudo correu bem, nunca na maternidade me falaram na questão da endometriose, e a vida seguiu.
Hoje, penso muito em voltar a um especialista. Sempre fui seguida pela médica de família, que adoro e confio a 200%, mas neste momento não é viável viver uma semana com as dores que tenho, além do fluxo próximo ao caudal do Rio Nilo. Voltar à pílula não é solução para mim, que sou uma esquecida, e o DIU hormonal, que inibe a menstruação, também não.
Bom, não era sobre nada disto que vinha escrever. Mas deixo o outro assunto para mais tarde.
Miúdas e graúdas desse lado, cuidem-se, não deixem que desvalorizem este período do mês, e não entendam que a dor e o sofrimento faz parte, que para isso já chegam os pregadores de nosso senhor.

1 comentário:

  1. Obrigada pelo teu testemunho! As dores menstruais não podem ser ignoradas ♥️ gosto de ti!

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