quarta-feira, 27 de julho de 2016

Este Rio Que Eu Amo

Em 2012 fiz a viagem da minha vida.
Foram quase 3 meses na América do Sul, com casa no Rio e com uma mochila às costas para outros estados e países.
O RJ já se preparava para os Jogos Olímpicos - estavam a construir a Aldeia Olímpica, a alargar as linhas do metro e as UPP mantinham a sua missão nas favelas.
Nalgumas delas era uma missão quase impossível só a entrada das UPP, quanto mais a pacificação.
Mas vamos lá:
- a cidade já era insegura;
- a famosa Baía de Guanabara já tinha água como nunca antes tinha visto de tão suja que é;
- a Lagoa Rodrigo de Freitas já tinha problemas também na qualidade da água;
- as Polícias continuavam sem condições de trabalho;
- os hospitais públicos já eram de evitar e já havia falta de material;
- a areia da praia de Copacabana já estava contaminada com várias bactérias e doenças transmissíveis;
- os preços praticados, principalmente na altura do Natal e Reveillon, já eram um absurdo;
- já havia muita corrupção;
...e o mundo continuava a olhar para a cidade como sendo a cidade maravilhosa.
Não interessava levantar questões que fossem além do lindo Calçadão, do Corcovado ou do Pão de Açúcar. A cidade continuava reduzida às paisagens das novelas, bem mais bonitas ao vivo, e a esse imaginário.
Não interessava levantar questões sobre educação, saúde, sistema social, etc.
Interessou continuar a injectar milhões para garantir a realização dos Jogos, sendo que houve um período de preparação de 10 anos e pelo caminho tivemos a experiência do Mundial.
Hoje não quero saber se os apartamentos cheiram a gás ou se estão sujos, nem se os atletas vão nadar no meio de fezes humanas, fezes essas que nestes 10 anos de preparação nunca desapareceram da Baía de Guanabara ou alteraram o saneamento da cidade.
Hoje só queria saber em que é que estes Jogos contribuíram para o desenvolvimento do RJ, e até que ponto o Comité Olímpico cumpriu o seu papel.
Ontem assisti a uma apresentação vergonhosa, na SIC Notícias, do RJ, no Jornal das 23h.
Um velejador português que partirá em breve para o RJ nem sabia o que responder ao que lhe era colocado.
É agora que há problemas de segurança? Não houve 10 anos de preparação? E onde esteve o Comité Olímpico este tempo todo? E o RJ ia passar daquilo que é para uma cidade perfeita do dia para a noite? E a sua identidade? E todos os problemas de estrutura associados à cidade e ao país?
Àqueles que me são queridos e que lá moram, desejo que consigam fazer as suas vidas com a segurança diária possível, com preços acessíveis a todos aqueles que precisam de se alimentar, com samba na rua ao fim da tarde, com o pôr-do-sol do Arpoador, com o sol abrasador a aquecer o dia e o coração, com a boa disposição de qualquer carioca e com esperança, sempre.

No topo do Morro dos Dois Irmãos.


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