terça-feira, 9 de maio de 2017

A todas as Brigittes

Desde que o Macron ganhou destaque que a imprensa, no seu melhor, foi buscar a sua relação de 20 anos e as suas características.

Macron e Brigitte têm 25 anos de diferença. Só que, a diferença, é que ele não é 25 anos mais velho do que ela. Ele tem 39 e ela 64. Ela era professor e ele aluno. Menor. Esperaram pelos seus 18 anos, ela divorciou-se e ele pediu-a em casamento.
E então? Pergunto eu.
Mexe com o sono de alguém?

Eu e o meu homem temos 24 anos de diferença. Eu, 25, ele 48 - 49 daqui a duas semanas. Conhecemo-nos desde os meus 6 anos, talvez. Encontrámo-nos, no amor, há quase 3 anos. O filho dele é mais velho do que eu. Mas ele tem irmãos mais novos do que o filho.
E então? Pergunto eu.
Se faz comichão, põe disoderme.

O Rodrigo e o Leo, as minhas baleias brasileiras, são homossexuais e, felizmente, fazem a sua vida normal. Não precisam de dizer que o são porque nós também não andamos a espalhar pelo mundo que somos hétero. São extravagantes e lindos demais. Amam perdidamente e vivem a vida de uma forma linda.
E então? Pergunto eu.
Não gosta? Não tem que gostar.

A Rebecca converteu-se ao islamismo porque estudou tanto que gostou. Ou só porque quis. Sem estar apaixonada por qualquer muçulmano. Defende os direitos humanos e é das ciências sociais.
E então? Pergunto eu.
Incomoda-te? Não saias de casa.

A Cat é moçambicana. Mas é a moçambicana mais branca que conheço. Dá até vontade de gozar. É uma mulher africana maravilhosa. E uma gorda linda. Gosta do seu corpo, veste o que quer e quando quer. Usa bikini e é uma mulher fantástica.
E então? Pergunto eu.
Não quer ver? Olha para o lado.

Na minha família paterna, há 7 tios, e, entre muito casa e descasa, já se cruzaram 8 nacionalidades. Somos muitos e quase nunca nos juntamos. É praticamente impossível estarmos todos. Partilhamos o nome, um carinho especial, e algumas memórias pontuais.
E então? Pergunto eu.
Somos disfuncionais? Qual é o seu horário de funcionamento?

Brigittes e Macrons, neste mundo, há muitos.
Mas garanto-vos que há coisas muito mais interessantes e importantes para dedicarmos tempo do que a essas diferenças.

Sou feliz só por preguiça. A infelicidade dá uma trabalheira pior que doença: é preciso entrar e sair dela, afastar os que nos querem consolar, aceitar pêsames por uma porção da alma que nem chegou a falecer.

«Mar Me Quer», de Mia Couto


1 comentário:

  1. Orgulho em ser tua mãe, carago! E avó da Rita. E sogra do Cláudio.😘

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