terça-feira, 24 de novembro de 2020

Reflexões em tempos de tirar a roupa da máquina

 Pois é, meus queridos. Odeio as tarefas domésticas. Mas se há coisa que me relaxa, é pôr e tirar roupa da máquina. De tal maneira, que, mais do que qualquer sanita, me põe a refletir na vida, me traz memórias, e me deixa altamente inspirada.

Agora, depois do auge de tirar uma máquina de roupa lavada para a máquina de secar, com todo o amor para ver se ela sair pronta a ir para o armário, dei por mim a pensar como tudo muda com os filhos! 

E, por isto, vos digo: se estão à espera do momento certo, desenganem-se, porque acho que esse momento vai doer muito mais do que se for quando calhar! Porque toda a estabilidade de criaram para ter a criança vai desaparecer em 3, 2, 1... PUF! Se se aventuraram à primeira, olhem, temos pena, deviam ter gozado mais a vida, não é? Estão a ver aquele cliché dos reality shows? Que lá dentro é tudo diferente? Pois é, olhem, com filhos também é tudo diferente!

Então, enquanto sacudia umas quantas cuecas tamanho 4/5 das princesas da Disney, pensava que, antes dos filhos, aquela lavandaria era um orgulho com 2 detergentes: 1 para a roupa normal e outro para roupa preta. E um super Vanish tira nódoas. E amaciador com cheiro a flores não sei da onde carérrimo. Pois é. E rapidamente voei para o tempo em que nos dávamos ao luxo de comprar carré de borrego para o jantar, ou simplesmente decidir se íamos ao Porto comer sushi, se íamos experimentar o Avillez ou qualquer outro do género, se saímos daqui às 20h e ainda íamos comer um peixinho fresco e marisco à Costa Nova... E se amanhã pegávamos no carro e íamos passar o f-d-s a qualquer hotel, com spa, de preferência.

Vou parar por aqui, porque já estou quase a chorar. Felizmente, já não me lembro do preço do leite de fórmula nem das fraldas, que deixaram de existir há ano e meio! Mas agradeço todo os dias à minha filha por não me ter estragado a Maria e a Ana, depois de 3 semanas de desespero a dar de mamar. 

Bom, resumindo, leiam isto tudo com ironia, que a vida com filhos é linda, o maior amor que se pode ter, etc. etc., mas esqueçam lá os horários de antigamente, as loucuras do "apetece-me isto" ou "vamos fazer 100km para ir jantar aqui e ali"... 

Por aqui, enquanto uma parte do corpo me diz que gostava de ter mais um bebé, a outra metade conta os anos que faltam para a miúda ir passar fins-de-semana com as amigas, sair à noite ou simplesmente acompanhar estes programas de última hora, sem stresses da hora de dormir e da hora de levantar, e se a sopa tem couves ou se o marisco tem picante.

Isto, claro, se até lá me sair o euromilhões e voltar à vida de antigamente.

Olhem, saudinha, é o que vos desejo a todos. E uma santa terça-feira.

Sem comentários:

Enviar um comentário