quarta-feira, 4 de maio de 2022

Capítulo 2

 Bom, parámos na parte de ter encontrado uma maravilhosa ginecologista.

Análises feitas, historial estudado e a ordem foi simples - se é para vir outro filho, vamos lá começar a tentar porque é possível, sem stress, sem pressão.

Meus filhxs, a pessoa ouve isso e faz o quê? Vai logo sacar a aplicação do calendário menstrual para ver os dias do período fértil. Basicamente exatamente o que a ginecologista disse para não fazer. Até vos digo mais, saquei logo 2 diferentes, porque a margem de dias é diferente...

Enquanto isso, passámos uma verão de morte, só em agosto apresentámos e produzimos 40 espetáculos, fora todo o resto, e, em tom de brincadeira, lá dizíamos a todos, a desmontar «vamos lá depressa que tenho os gémeos para ir fazer.»

Foram 4 meses a tentar, a fazer contas, a chatear-me mensalmente e, o pior de tudo, com  dois atrasos pelo meio, coisa que nunca me tinha acontecido a não ser da primeira vez que estive grávida. 

Em outubro desisti dessa porcaria das contas. Encaixei que se tivesse de ser seria, desinstalei o calendário, e a vida seguiu dentro de momentos, muito mais leve.

Novembro foi um mês muito duro. A perda do meu sogro foi um momento emocionalmente muito complicado e a cabeça estava em todos os lugares menos na vinda de um filho.

Chegou o Natal e devia ter chegado o período uma semana antes. Mas não chegou. Mas também não era a primeira vez, nos últimos meses, que tal acontecia. Então olhem, comi e bebi tudo o que quis. 

No dia seguinte, dois pauzinhos num teste por descargo de consciência. 



O ano não acabou aqui. 

No fim-de-ano havia festa cá em casa. Pela primeira vez, íamos ser quase 20 a comemorar a meia-noite.

Eis que, arrumando a loiça do almoço, senti um corrimento quente. Era sangue. E corri para as urgências da Maternidade. 

Não passara de um susto. Seria um depósito que já existiria há algum tempo e, pela primeira vez, via a vesícula vitelina instalada no meu útero. Uma coisa minúscula. 

Chegada a casa, entendemos que o melhor seria contar às miúdas, que queriam muito um bebé, e, mais tarde, partilhar com a família e amigos. Porque é para isto que serve a família e os amigos. Para partilharmos a nossa vida, na alegria e na tristeza. E 31 de dezembro era sem dúvida um dia para comemorar, e para chutar o ano antigo.


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