segunda-feira, 16 de março de 2020

coronamood o c*ralho!

Tenho levado estes dias mais ao menos ao de leve...
Estamos os 4 em casa, o que é raro, com a certeza de que o homem não sai para trabalhar, o que é ainda mais raro e que nos sabe muito bem.
Com isto, as miúdas, entre guerras, vão aprendendo a partilhar e a cooperar, a casa vai ganhando o cheiro de quem é habitada e não o cheiro de quem vem dormir. Acompanhamos as notícias 2x por dia, elas veem filmes, brincam na rua, etc. Desinfetamos a entrada e as maçanetas diariamente. O pai já foi ao supermercado e quando vem já há todo um ritual de desinfeção.
Tudo muito chato, é certo.
Depois vemos as notícias e, na minha inocência, andava há 3 dias a ver as percentagens de aumento de casos. Feliz, porque a percentagem apresentada vem descendo, até ao dia em que chegaria a zero.
Neste momento, decido fazer uma publicação com esse pensamento, porque não é alarmista, não é pessimista, está ótimo. E uma amiga, daquelas que não vemos meses e meses a fio, mas que é como se nos tivéssemos visto ontem, que poderia bem ser da família e da casa, não fosse a distância e os horários, mandou-me uma mensagem em privado. É enfermeira num grande hospital e as coisas estão pretas. Não vou entrar em pormenores, porque todos sabemos que há relatos antagónicos. E, se nos «mentem» ao disponibilizar os números de infetados, é porque não há meios para fazer testes a tantos casos suspeitos.
O que me trouxe aqui ao estaminé não foi apenas a gravidade desta situação. Porque vejo gente a entrar em pânico e super alarmada e prefiro pensar que se todos fizermos o que está ao nosso alcance estamos a dar o nosso contributo para travar esta pandemia.
Mas, enquanto falava com ela, que nem sei se estava a trabalhar, mas que estava claramente exausta e stressada, e a dar o litro para poder ajudar o máximo possível de utentes, não esquecendo que as outras doenças e urgências não desapareceram, pensei que tinha acabado de fazer 3 publicações parvas no Instagram, tinha planos de deitar a mais nova e ir ver as novas atualizações do Big Corona d'A Pipoca Mais Doce, e a seguir seguia para ouvir A Caravana da Rita Ferro Alvim, e, quiçá, pegar no Ensaio Sobre a Cegueira, que comecei a ler há uns bons tempos e nunca mais lhe peguei.
E, enquanto falava com ela, eu estava, como estou a escrever este texto, em casa, junto à piscina, a apanhar sol e a beber o meu café de papo para o ar.
E só aí me bateu o papel patético que muitos temos feito. Batemos palmas, cantamos, tudo certo (cá em casa não fazemos nada, no campo não temos vizinhos, e às 22h as miúdas estão a roncar, ou a caminho disso). Mas eles não param. E ao fim do dia voltam para casa. Sem saberem se estão infetados. Para abraçar os filhos. Para descansar um pouco. Sem férias, sem planos, sem saber quando isto vai acabar. E quando chegam ao trabalho, sem máscaras, sem condições, e com solicitações para todo o lado dão o litro. E não pensam 2x antes de ajudar quem mais precisa.
Continuaremos a cantar à janela, a fazer descrições diárias destes dias encafuados em casa, a fazer macacadas para passar o tempo e a aprender a lidar com esta situação.
Mas a partir de hoje, mais do que nunca, com o coração naqueles que são profissionais de saúde e que não podem baixar os braços. Hoje, este desabafo é para ti, Istrelinha, e para todos os teus colegas.
Obrigada por todo o vosso esforço (dedicação e glória…?! Já que somos do Sporting, pode ser assim!)! E seguimos juntos, fazendo cada um o seu papel, para travar esta pandemia 👊❤

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